São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Guerrilha da Colômbia liberta refém

Vereador Marcos Baquero foi solto pelas Farc; operação ocorreu com o apoio do Brasil, que cedeu helicóptero

É primeira libertação durante o governo de Juan Manuel Santos, empossado presidente colombiano em agosto

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Após 19 meses de cativeiro, o vereador colombiano Marcos Baquero foi entregue ontem pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) a uma comissão humanitária, na primeira das cinco liberações unilaterais de reféns prometidas pela guerrilha para ocorrer nos próximos dias.
"As minhas primeiras palavras são para a minha mulher e para os meus filhos. Amo-os muito", disse Baquero, da cidade de San Jose del Guaviare, à rádio Caracol.
Após se reencontrar com a mulher e os dois filhos, Baquero contou que o mais difícil foi ficar sozinho por um ano e sete meses. "O mais difícil é não ter sequer com quem conversar. Minha companhia era um gato", disse o vereador de 33 anos.
O gato era da família, foi com ele para o cativeiro e voltou com ele para casa. O vereador prometeu fazer uma marcha em sua cidade pela liberdade dos demais reféns.
Mais tarde, a Cruz Vermelha, que coordena a missão liderada pela ex-senadora colombiana Piedad Córdoba, lançou nota agradecendo ao governo brasileiro.
Como em 2010, a operação conta com a ajuda logística do Brasil, que cedeu os helicópteros Cougar do Exército para trasladar os reféns de pontos da selva à cidade de Villavicencio, no centro da Colômbia.
As Farc anunciaram as primeiras liberações unilaterais de sequestrados no governo de Juan Manuel Santos na esperança de recuperar algo de simpatia pública, nacional e internacional, e emendar uma negociação política com o governo colombiano.
Santos assumiu em agosto prometendo manter a ofensiva militar de seu antecessor, Álvaro Uribe, que enfraqueceu como nunca as Farc.
Disse, porém, que as portas do diálogo não estavam "fechadas à chave".
O governo da Colômbia repete, porém, que as Farc devem renunciar aos sequestros, aos atos terroristas e ao tráfico de drogas antes de que seja iniciada qualquer interlocução.
Sabe-se que há contatos nos bastidores entre integrantes da cúpula das Farc -encurraladas nas montanhas no centro do país- e entes do governo.
A guerrilha sofreu diversos golpes nos últimos anos, inclusive o assassinato de líderes pelo governo.
Em 2010, a guerrilha chegou a dizer que não haveria mais gestos sem contrapartida do governo colombiano, exigindo o chamado intercâmbio humanitário -troca de reféns por guerrilheiros presos-, mas aparentemente foi forçada a mudar de estratégia.
Até o dia 13 as Farc prometem entregar mais quatro reféns: o também vereador Armando Acuña, os militares Henry López Martínez, Salín Antonio Sanmiguel Valderrama e o policial Guillermo Solórzano.
As operações acontecerão nos departamentos de Caqueté e Tolima.


Texto Anterior: Brasil negocia para usar base da Otan
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.