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Geórgia e Rússia se acercam de guerra total
Moscou planeja enviar frota para a região autônoma da Abkházia, segundo os americanos; líder georgiano pede cessar-fogo imediato
Kremlin diz haver 1.500 civis mortos e 30 mil refugiados na Ossétia do Sul no conflito do Cáucaso desde sexta, mas não há dados oficiais
DA REDAÇÃO
A guerra entre a Rússia e a
Geórgia pelo controle da região
separatista da Ossétia do Sul
registrou ontem dramática escalada, correndo o risco de se
transformar no pior confronto
entre os russos e uma força militar estrangeira desde a guerra
no Afeganistão, nos anos 80.
O número de mortos desde a
o início do confronto, na sexta,
chegou aos 1.500 civis, de acordo com o Kremlin.
No fim da tarde Moscou comunicou a Washington que determinara que parte de sua esquadra no mar Negro rumasse
a Ochamchire, pequeno porto
da região autônoma separatista
georgiana da Abkházia, "aparentemente para proteger cidadãos russos", disse funcionário
americano.
O governo da Geórgia disse
ter abatido dez caças-bombardeiros russos. Moscou diz ter
perdido apenas duas aeronaves
e 12 militares. Afirma também
ter "libertado totalmente" a capital sul-ossetiana, Tskhinvali.
Segundo o porta-voz militar
russo no local, Vladimir Boldyrev, "grupos táticos conseguiram livrar a cidade do domínio
dos militares da Geórgia".
Em sua primeira versão, a
Geórgia diz que se retirou ontem da cidade ocupada na sexta. Mas sua artilharia voltou à
tarde a abrir fogo contra a cidade, disse a Interfax.
A aviação russa bombardeou
Gori, em princípio fora da região de conflito. A Associated
Press testemunhou naquela cidade prédios de apartamento
em ruínas, alguns deles ainda
em chamas, e cadáveres espalhados pelas ruas.
Refugiados
A agência da ONU para refugiados disse que cerca de 2.400
pessoas etnicamente georgianas deixaram a Ossétia do Sul
nas últimas horas. Informantes
do Kremlin anunciam que entre 4.000 e 5.000 civis etnicamente russos deixaram a região
separatista para se refugiar na
Ossétia do Norte, já dentro do
território da Rússia. O vice-premiê russo, Serguei Sobianine, disse que os refugiados podem chegar a 30 mil.
Não há um número oficial de
mortos. O governo sul-ossetiano disse que perdeu 50 militares, enquanto Kakha Lomaia,
secretário do Conselho de Segurança Nacional da Geórgia,
afirma ser plausível que as vítimas estejam abaixo de cem.
Mas estimativas dos poucos
jornalistas que circulavam desde sexta na região são bem mais
pessimistas. Só em Tskhinvali,
a capital da Ossétia do Sul, a
destruição era tamanha -e tão
grande a quantidade de cadáveres- que a verdade pode estar
próxima dos cálculos russos.
Moscou estaria interessado em
inflar os números para dramatizar os efeitos de um conflito
desencadeado pela Geórgia.
A mesma lógica se aplica aos
autonomistas sul-ossetianos. A
porta-voz do governo pró-russo na região disse que "1.600
morreram" na tentativa georgiana de se apoderar de Tskhinvali, o que o presidente da
Geórgia se apressou em qualificar de "flagrante mentira".
Um jornalista russo disse que
na sexta esteve num hospital da
capital sul-ossetiana em que
mal cabiam feridos, mas que à
noite o prédio foi destruído por
um caça da Geórgia, com a possibilidade de todos os pacientes
terem sido mortos.
Os movimentos georgianos
foram ontem contraditórios.
De um lado, o presidente Mikheil Saakashvili lançou um
apelo "por um imediato cessar-fogo" e acusou os russos de terem lançado uma operação de
invasão de seu país. De outro,
ele obteve pela manhã do Parlamento a declaração do "estado de guerra" em que a Rússia é
explicitamente a inimiga.
A Geórgia abriga um importante oleoduto que transporta
combustível para a Europa -a
estrutura foi alvo ontem de
bombardeio por caças russos,
mas as aeronaves erraram o alvo, segundo a ministra georgiana do Desenvolvimento, Ekaterina Sharashidze. Para ela, o
episódio "confirma que o
Kremlin não se limita a querer
destruir a infra-estrutura econômica" de seu país.
Porta-voz da diplomacia
georgiana disse que o porto de
Poti, no mar Negro, bombardeado desde a véspera, estava
"devastado".
Outro território com pretensões separatistas da Geórgia, a
Abkházia, também cobiçada
pelos russos, anunciou ontem
ter iniciado ações militares para expulsar as forças georgianas. Seus comandantes disseram que bombardearam posições da Geórgia na região, desmentindo os relatos iniciais de
que os bombardeios partiram
de aviões militares russos. Saakashvili disse que suas forças
"repeliram" a ofensiva.
Com agências internacionais
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