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SUCESSÃO NOS EUA / FATOR EMPATIA
Com impulso de vice, McCain cresce entre as mulheres
Republicano reverte vantagem e abre frente sobre Obama entre eleitoras brancas, diz "Post"; Palin é alvo de acusações de desvio
Biografia da governadora do Alasca, mãe de cinco filhos, atrai simpatia das eleitoras de classe média, mas também gera suspeitas
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
O candidato republicano à
Casa Branca, John McCain, reverteu a vantagem do rival democrata Barack Obama entre
as mulheres brancas depois
que a governadora Sarah Palin
(Alasca) foi escolhida vice em
sua chapa, aponta pesquisa
Washington Post/ABC News.
A diferença nas preferências
dessa fatia do eleitorado, antes
de oito pontos percentuais em
favor de Obama, agora é de 12 a
mais para McCain.
Apesar das ressalvas sobre as
pesquisas eleitorais feitas nos
EUA -amostragem reduzida,
entrevistas por telefone, erros
freqüentes-, o movimento
substancial de 20 pontos nesse
eleitorado (entre o período pré-convenções partidárias, há
mais de duas semanas, e o último fim de semana) foi recebido
pela mídia americana como reflexo da escolha de Palin.
A governadora de 44 anos
continua no centro do noticiário da campanha. Mas não apenas com avaliações positivas:
ontem, o "Post" relatou acusações contra ela de ter recebido
do governo diárias de viagem
em dias em que ficou em casa,
que se somam a uma série de
outros questionamentos.
Ainda assim, ela é considerada uma boa escolha por analistas, que dizem que Palin consolidou McCain entre o eleitorado conservador do partido.
Com a nova pesquisa, a vice
se mostra um trunfo entre as
"mães do Wal Mart" -mulheres de classe média, em expressão usada pela revista "Time"
para analisar a pesquisa.
"O eleitorado feminino tende
a se entusiasmar com as propostas democratas em assuntos domésticos, como mais investimento em saúde pública e educação. Sarah, apesar de ser
fraca nesses tópicos em programa de governo, tem uma história que pode puxar identificação, por se mostrar uma mãe
dedicada e mulher trabalhadora", disse à Folha o analista político Michael McDonald, do
Instituto Brookings.
McDonald se refere ao paradoxo entre notícias como a de
que Palin tentou banir livros
em bibliotecas do Alasca, por
exemplo, e sua biografia. Ela
escondeu da mídia sua última
gravidez -de Trig, hoje com
quatro meses, que tem síndrome de Down- para evitar desconfianças sobre sua capacidade de se dedicar ao governo.
Atualmente, aparece sempre
com o bebê nos braços, em comícios ou capas de revista, e diz
viver com as mãos divididas
entre o celular Blackberry e a
bomba de sucção de leite.
Contra Palin
Revelações negativas sobre o
passado da governadora surgem diariamente nos EUA, ao
mesmo tempo em que cresce
seu status de celebridade.
O pedido de reembolso de
despesas de viagem por 312
noites em que ficou em casa sumiu do noticiário ao longo do
dia. Ela argumentou que morava fora da capital -ou seja, viajava diariamente.
Na semana passada, havia
vindo à tona um processo movido por um ex-funcionário
que diz ter perdido o emprego
por se recusar a demitir um ex-cunhado da governadora.
Nada disso se consolidou no
noticiário, e a presença da vice
na chapa tem feito McCain mudar o formato de seus comícios,
antes debates de idéias com pequenos grupos, para algo mais
parecido com os comícios-show de Obama, com discursos
a céu aberto diante de uma platéia que empunha cartazes como "Mães por McCain-Palin".
Na pesquisa do "Post", foram
ouvidas 1.113 pessoas (52%,
mulheres) por telefone entre 5
e 7 de setembro, logo após a
Convenção Republicana. A
margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.
No resultado geral da consulta,
os dois candidatos estão em
empate técnico, com um ponto
de vantagem para Obama.
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