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JAPÃO
Derrota de seu partido nas disputas de hoje podem levar Koizumi à renúncia
Eleições ameaçam premiê japonês
JAMES BROOKE
DO ""NEW YORK TIMES", EM TÓQUIO
Depois de três anos no poder, o
primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, está perdendo sua
positiva aura inicial de ""outsider"
político e, segundo analistas, será
obrigado a lutar por sua vida política nas eleições de hoje da Câmara Alta do Parlamento.
Koizumi espera apenas conquistar 50 das 51 cadeiras atualmente ocupadas por seu Partido
Liberal-Democrático (PLD). Mas
sua aprovação popular caiu para
cerca de 40%, percentual baixo se
comparado com os 80% de 2001.
Na realidade, governando em
grande medida com base em sua
popularidade pessoal e passando
por cima dos líderes de seu partido, Koizumi conseguiu tornar-se
o premiê japonês a ocupar o poder por mais tempo desde Yasuhiro Nakasone, na década de
1980. Mas essa popularidade foi
prejudicada por mudanças no sistema de aposentadoria -incluindo o aumento das contribuições e
a redução dos benefícios- e pelo
envio de 550 soldados ao Iraque.
Uma sondagem recente constatou que 70% dos entrevistados
desaprovam as mudanças na Previdência adotadas no mês passado. As modificações foram aprovadas depois de vir à tona que vários parlamentares, incluindo o
próprio Koizumi, deixaram de
contribuir para o sistema previdenciário por anos a fio.
Alguns dias depois da aprovação, o governo divulgou novas estatísticas demográficas mostrando que o índice de natalidade caiu
para um nível ainda mais baixo
do que aquele utilizado para calcular os aumentos das contribuições. Muitos trabalhadores jovens
não pagam os prêmios da aposentadoria por achar que, dentro de
30 ou 40 anos, não haverá trabalhadores suficientes no país para
financiar suas próprias pensões.
""Nunca vou ver a cor dessa aposentadoria", disse a estudante de
sociologia Tomoko Koyama, de
21 anos.
No final de maio, os jornalistas
começaram a chamar a atenção
para os pagamentos de aposentadoria que Koizumi deixou de fazer. O premiê então mudou de assunto, anunciando repentinamente uma viagem de um dia à
Coréia do Norte.
A Câmara Alta do Parlamento
possui principalmente o poder de
veto, nada mais, e apenas metade
de suas 242 cadeiras estão em jogo
na eleição. Mas uma performance
fraca na eleição poderia solapar a
posição de Koizumi em seu próprio partido e, possivelmente,
obrigá-lo a renunciar.
""Koizumi vai permanecer no
poder", previu na terça-feira o
editor do boletim político ""Tokyo
Insideline", Takao Toshikawa.
""Mas vai perder força e não vai
poder continuar atuando com seu
estilo próprio."
Parte dessa idéia se deve à percepção de que, apesar da retomada econômica, Koizumi não realizou grande coisa no governo a
não ser proezas de fachada, próprias para chamar a atenção do
público na televisão.
Muitos eleitores já disseram que
pretendem votar no Partido Democrático do Japão, criado para
apoiar o livre comércio. ""O Japão
de hoje perdeu seu rumo", disse o
líder do partido, Katsuya Okada,
em sua plataforma eleitoral. ""O
país está girando em círculos e
não está sabendo aproveitar a característica fantástica do povo japonês que é o fato de ele ser tão
trabalhador."
Tradução de Clara Allain
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