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Confronto no Cáucaso faz 40 mil refugiados
Dado é da Cruz Vermelha; combates persistem enquanto Tbilisi diz que deixou Ossétia do Sul e russos retomam capital regional
Geórgia diz que Rússia quer enviar tropas para fora da zona de conflito; Abkházia
vê tensão aumentar e pode ser novo front de batalha
David Mdzinarishvili/Reuters
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Mulher segura bebê em Gori, na região central da Geórgia, cujos alvos militares estão sob ataque da aviação russa desde sábado
DA REDAÇÃO
Os combates entre as forças
da Rússia e da Geórgia por causa da região autônoma da Ossétia do Sul continuaram ontem
em meio à guerra de versões sobre a principal questão do conflito: se a Rússia extrapolaria ou
não os combates para além da
região separatista, adentrando
o território georgiano.
Segundo porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, os três primeiros dias de
confronto no sul do Cáucaso
deixaram 40 mil deslocados internos ou refugiados. A Rússia
afirma ter acolhido 30 mil pessoas vinda da Ossétia do Sul em
seu território, e a ONU fala em
cerca de 20 mil refugiados, incluindo os vindos da Geórgia.
Enquanto o presidente da
Geórgia e aliado americano Mikhail Saakashvili acusou a Rússia de enviar tanques pela primeira vez para fora da Ossétia
do Sul, Moscou contestou a
versão de Tbilisi de que havia
retirado suas tropas do território ossetiano, invadido na madrugada da última sexta para
sufocar o separatismo da região, que funciona de forma autônoma desde 1992.
Na noite de ontem, o governo
georgiano afirmou que as forças terrestres russas "tinham
um plano para atacar" Gori, no
centro da Geórgia, cujos alvos
militares já sofrem ataque de
artilharia e aviação do Kremlin. A afirmação foi um recuo:
antes, fontes georgianas haviam dito ao jornal "The New
York Times" que tanques russos já atacavam a cidade. A
Rússia não comentou.
Moscou afirma que 2.000
pessoas morreram no conflito.
Já uma fonte do governo georgiano disse que 130 soldados e
civis seus morreram e 1.165 ficaram feridos, principalmente
devido ao contra-ataque russo.
Não há dados independentes.
Jornalistas na região relatam
que, pelo número de cadáveres,
a estimativa da Rússia está
mais próxima da realidade.
A Geórgia lucra se for confirmada ação russa fora da Ossétia do Sul, pois isso contraria o
argumento de Moscou de que
age para proteger civis do ataque de Tbilisi. Os dois lados se
esforçam para conquistar simpatia internacional para suas
versões -o que terá influência
em futuras negociações de paz.
Desde a manhã de domingo a
Geórgia afirma que suas forças
se retiraram da região separatista e que foi pedido o fim das
hostilidades à Rússia. O Kremlin confirmou o recebimento
de uma nota em sua embaixada
em Tbilisi, mas continuava negando que tenham acabado os
combates na Ossétia do Sul.
Focos de ação
Moscou assegurou o controle
de Tskhinvali, a capital ossetiana, na manhã de ontem, mas
conflitos esporádicos ainda
aconteciam pela noite.
No mar Negro, navios de
guerra russos foram deslocados
para a costa da Abkházia, outra
região separatista georgiana,
para impedir a chegada de armamento. Nestas águas, segundo o Ministério da Defesa da
Rússia, foi afundada ontem
uma embarcação militar georgiana com um lança-mísseis. A
Geórgia não comentou.
Ainda na Abkházia, a Rússia
dobrou o número de seus soldados para cerca de 6.000 ontem, mas disse que não age fora
de sua função de manutenção
da paz. Separatistas da região,
também área de influência russa, anunciaram ações militares
contra forças locais da Geórgia.
Os georgianos também disseram que um caça russo lançou
uma bomba perto de uma pista
do aeroporto internacional de
Tbilisi. O Exército russo reagiu
afirmando que não foi bombardeada nenhuma parte da Geórgia onde há população civil.
Outro ataque, contra uma
base aérea das Forças Armadas
georgianas a cerca de 70 km de
Tbilisi, foi confirmado pela
ONU. A ação destruiu um hangar militar.
Com agências internacionais
NA FOLHA ONLINE -
www.folha.com.br/082212
especial sobre a Ossétia do Sul
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