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Para EUA, Rússia quer derrubar georgiano
Moscou nega que queira depor o presidente pró-Ocidente Saakashvili com conflito na Ossétia, como acusa Washington
Americanos afirmam que
chanceler russo teria feito
sugestão sobre mudança de
regime a Rice; Moscou não
aceita cessar-fogo de Tbilisi
DA REDAÇÃO
Os EUA acusaram ontem a
Rússia de querer derrubar o
presidente pró-ocidental da
Geórgia, Mikhail Saakashvili
-o que Moscou negou veementemente. Para os russos,
"mudança de regime é uma invenção americana" e sua ação
militar é apenas "autodefesa":
foi o governo georgiano que começou o conflito ao violar um
cessar-fogo de 16 anos e invadir
a Ossétia do Sul sexta-feira.
A troca de acusações entre os
embaixadores na ONU Zalmay
Khalilzad (americano) e Vitaly
Churkin (russo) teve como palco a quarta reunião do Conselho de Segurança para tentar
-sem sucesso- pôr fim ao conflito detonado na última sexta-feira, no Cáucaso, e elevou em
vários graus a temperatura retórica entre os dois países.
Na discussão, o americano
chamou a ação russa contra alvos militares georgianos como
"agressão", disse que a resposta
de Moscou à invasão era "desproporcional" e advertiu para o
risco de prejuízo à relação entre os ex-rivais da Guerra Fria.
Mas a acusação mais grave é a
de desestabilização. Khalilzad
baseou-se em diálogo telefônico entre a secretária de Estado
americana, Condoleezza Rice, e
seu homólogo russo, Serguei
Lavrov no qual, segundo versão
vazada por diplomatas americanos, Lavrov dissera que Saakashvili "precisa ser afastado".
A informação faz sentido,
diante do verdadeiro diálogo de
surdos em torno de um cessar-fogo que ontem ocorreu entre
russos e georgianos.
O presidente russo, Dmitri
Medvedev, afirmou que a Geórgia deveria "se retirar sem condições" da Ossétia do Sul, região separatista apoiada pelo
Kremlin. Os georgianos também devem, segundo Moscou,
assinar um acordo formal de
não-agressão à região, onde os
russos são parte importante de
um contingente de manutenção da paz criado em 1992.
Por sua vez, Tbilisi quer não
só o recuo das tropas de Moscou, mas também convencer
que a Rússia não pode ter uma
missão de paz na região -o que
levaria à substituição dos contingentes russos na Ossétia e na
Abkházia (a outra região autônoma separatista da Geórgia)
por tropas internacionais.
Com isso persiste o impasse.
A impressão de que o Kremlin
tenta ganhar tempo em nome
de um objetivo mais político
que militar transparece em relato do "New York Times" sobre movimentações diplomáticas em Washington, no fim de
semana.
Telefones mudos
A Geórgia também diz que
Saakashvili se propôs a telefonar para Medvedev ou para o
premiê Vladimir Putin -que
voltou anteontem de Pequim,
onde assistia à Olimpíada, para
assumir um papel central na
crise- e não teve resposta.
A secretária de Estado trabalhou num projeto de resolução
que condenava a truculência
russa e poupava a Geórgia, cujo
governo detonou a crise na última sexta. A idéia era manter o
texto na mídia até amanhã,
com a certeza de que o Kremlin
o vetaria se ele fosse levado ao
Conselho de Segurança. O ganho da operação seria psicológico: pressionar o governo russo e transformá-lo em agressor.
Informações posteriores
abriam margem para que a proposta americana fosse fundida
com a da União Européia, elaborada pela França, que exerce
a presidência rotativa do bloco.
Ela tem três pontos: cessar-fogo, preservação da integridade
territorial da Geórgia e recuo
de todas as forças às posições
anteriores ao conflito.
O chanceler francês, Bernard
Kouchner, chegou ontem à capital georgiana. E o presidente
Nicolas Sarkozy anunciou que
irá nesta semana a Moscou.
Com agências internacionais
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