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ÁSIA
Embaixador na China diz que país deve retomar testes se os EUA não adotarem medidas para melhorar as relações
Coréia do Norte ameaça testar mísseis
DA REDAÇÃO
A Coréia do Norte ameaçou ontem retomar os testes com mísseis
e disse que está pronta a "devastar
sem piedade" quem desrespeitar
sua soberania, segundo a KCNA,
agência de notícias estatal.
O anúncio deve aumentar a tensão num momento em que vários
Estados vêm criticando a Coréia
do Norte por deixar o Tratado de
Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), que proíbe que a
maioria de seus signatários produza armas nucleares.
Se os testes forem retomados,
serão os primeiros desde 1998,
quando a Coréia do Norte assustou a região ao lançar um míssil
que sobrevoou o Japão e caiu no
Pacífico. Depois disso, Pyongyang anunciou uma moratória
nos testes que inicialmente deveria durar até 2004.
O embaixador da Coréia do
Norte na China, Choe Jin Su, disse
ontem que o país deve retomar os
testes se os Estados Unidos não
adotarem medidas com o intuito
de melhorar as relações.
"Como todos os acordos foram
cancelados pelos Estados Unidos,
nós acreditamos que não podemos manter nossa moratória em
testes com mísseis", afirmou
Choe em Pequim (China).
Segundo Misako Kaji, porta-voz de Junichiro Koizumi (primeiro-ministro do Japão),
Pyongyang havia manifestado
seu compromisso, em outubro de
2000, de não promover testes com
mísseis de longo alcance. Em setembro, durante uma reunião
com Koizumi, representantes
norte-coreanos reafirmaram a intenção, ainda de acordo com o
porta-voz.
"O Japão acredita que esse compromisso deveria ser respeitado",
declarou Kaji.
A tensão na península da Coréia
aumentou depois que autoridades americanas disseram, em outubro, que a Coréia do Norte tinha admitido ter um programa de
armas nucleares, o que era proibido por um tratado de 1994. Em
dezembro, a situação agravou-se,
pois Pyongyang começou a reativar um reator nuclear capaz de
enriquecer plutônio.
"Poucas semanas"
Uma autoridade norte-coreana
afirmou ontem que o reator nuclear de Yongbyon deve estar em
funcionamento em pouco tempo.
O reator "passará a funcionar
em poucas semanas", disse Son
Mun San, conselheiro para relações com a Agência Internacional
de Energia Atômica (AIEA).
O embaixador da Coréia do
Norte em Viena (que abriga a sede da AIEA) disse ontem que os
trabalhos no reator estavam caminhando depressa porque o país
precisa dele para enfrentar o inverno. "Vamos fazer o possível
para começar a gerar eletricidade
rapidamente", afirmou o embaixador Kim Gwang Sop.
Anteontem, Pyongyang disse
que estaria disposta a dialogar
com Washington para buscar
uma solução para o impasse em
torno de seu programa nuclear.
Também afirmou que, "por enquanto", não tem a intenção de
construir armas nucleares e que
suas instalações só produzirão
energia. Esta terá uso civil, de
acordo com os norte-coreanos.
Houve diversas manifestações
ontem em ambos os lados da
fronteira intercoreana. Na Coréia
do Norte, mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas da capital
(Pyongyang) para apoiar o abandono do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, segundo a agência de notícias local.
Vários países criticaram a decisão norte-coreana, incluindo os
EUA, a China e a Coréia do Sul
(que descreveu o impasse como
uma "questão de vida ou morte").
Em Seul (capital da Coréia do
Sul), cerca de 30 mil pessoas promoveram um ato para manifestar
seu apoio à presença militar dos
Estados Unidos no país. Nas últimas semanas, houve diversos
protestos contra Washington.
Os EUA vêm buscando uma solução pacífica para o impasse envolvendo a Coréia do Norte, já
que não querem que a questão
desvie a atenção internacional da
inspeção das armas iraquianas e
dos preparativos para uma provável guerra contra Bagdá.
Ontem, porém, o governo americano advertiu que a Coréia do
Norte pode ficar mais isolada da
comunidade internacional com a
ameaça de testar mísseis.
Com agências internacionais
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