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Palestinos têm dia de guerra civil em Gaza
Após confrontos que deixaram 27 mortos, Fatah decide suspender sua participação no governo de união com o Hamas
Abbas e Haniyeh, rivais no malsucedido gabinete, pedem calma; premiê de Israel defende o envio de força internacional a Gaza
Mahmud Hams/France Presse
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Palestinos examinam apartamento de Jamal Abu al Jadian, das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligadas ao Fatah, morto segunda em Beit Lahia, faixa de Gaza
DA REDAÇÃO
Os palestinos viveram ontem
um dia de guerra civil, com a intensificação dos confrontos entre milícias ligadas ao Hamas e
ao Fatah, as facções que dividem o poder. Pelo menos 27
pessoas foram mortas em diversos ataques na faixa de Gaza
-que tiveram como alvo até os
líderes dos grupos rivais.
No começo da manhã, membros da Guarda Presidencial,
unidade de elite do Fatah que
está sendo treinada pelos EUA,
lançaram granadas contra a casa do premiê Ismail Haniyeh,
do Hamas, no campo de refugiados de Shati, em Gaza. Uma
hora depois, militantes do Hamas dispararam morteiros
contra o complexo onde fica o
gabinete do presidente Mahmoud Abbas, do Fatah. Nenhum dos dois líderes estava
nos locais atacados.
Após acusar o rival islâmico
de "tentativa de golpe", o Fatah
decidiu suspender sua participação no governo de união que
formou com o Hamas há três
meses. A decisão foi tomada pelo Comitê Central do Fatah, ao
final das 48 horas mais sangrentas das últimas semanas,
que deixaram pelo menos 47
mortos. Ficou decidido que o
Fatah congelará sua participação no governo até que cessem
as hostilidades em Gaza.
Durante a reunião, Abbas
exortou "os líderes bem-intencionados do Hamas" a aceitarem um cessar-fogo. Pouco antes, Haniyeh fizera um apelo
semelhante. Considerado um
moderado no radical Hamas, o
premiê pediu calma e a volta
"imediata" à mesa de negociações com o grupo rival.
Desunião
O governo de união nacional,
formado em Meca sob os auspícios do governo saudita, com
nove ministros do Hamas e seis
do Fatah, jamais foi capaz de
cumprir a promessa de restaurar a ordem entre os palestinos,
que ontem estiveram bem perto de uma guerra declarada.
"Parece que estamos no Iraque, não em Gaza", disse à
agência Reuters Ammar, 40
anos e pai de seis filhos, enquanto tentava se proteger dos
tiros trocados entre milícias rivais. "Franco-atiradores disparam dos telhados. Corpos mutilados são jogados nas ruas. Se
isso não é guerra civil, o que é?"
A explosão atual de violência
é o clímax de uma escalada iniciada em janeiro do ano passado, quando o Hamas venceu as
eleições e conquistou o controle do Parlamento e do governo.
O grupo fundamentalista, que
ficou conhecido nos anos 90
pelo terrorismo contra Israel,
passou a enfrentar um boicote
internacional devido à recusa
em reconhecer o direito de
existência do Estado judeu.
Ao mesmo tempo, a disputa
com o rival laico Fatah, que dominou a política palestina por
quatro décadas, intensificou-se, transformando-se no ciclo
de violência que já deixou mais
de 600 mortos até ontem.
No ataque mais simbólico, o
Hamas usou foguetes contra
um quartel-general das forças
de segurança do Fatah no norte
de Gaza. Após tomarem a instalação, os radicais festejaram
uma vitória considerada fundamental na disputa pelo controle físico de Gaza.
O chefe da equipe de mediação enviada pelo Egito a Gaza,
coronel Burhan Hamad, disse
que nenhum dos dois lados respondeu a seus apelos por um
cessar-fogo. "Eles deveriam se
envergonhar. Estão matando
pessoas. Estão matando o futuro", lamentou Hamad.
Embora a violência tenha virado rotina em Gaza, os confrontos de ontem parecem ter
marcado uma virada na luta,
com as forças do Hamas avançando para tomar posições do
Fatah e decidir a disputa. Um
sobrevivente do ataque à base
do Fatah admitiu a derrota.
"Pedimos reforço, que nunca
chegou. Era um foguete depois
do outro", disse o policial, que
se identificou como Amjad.
Numa tentativa desesperada de
virar o jogo, homens do Fatah
atacaram a TV do Hamas, mas
foram repelidos à bala.
O premiê de Israel, Ehud Olmert, defendeu o posicionamento de uma força internacional na fronteira entre Gaza e
o Egito e manifestou preocupação com a possibilidade de o
Hamas vencer a disputa com o
Fatah, que, segundo ele, teria
"implicações regionais".
Com agências internacionais e o "New York Times"
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