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Comandantes dizem que vizinhos foram avisados
Informação sobre nova frota foi repassada a Marinhas, afirmam; "a expectativa era de que estas avisassem os governos da região"
DO ENVIADO ESPECIAL A MAYPORT
"Não se engane: essa frota estará pronta para qualquer operação, a qualquer hora e em
qualquer lugar."
Após essa frase, às 10h59 locais (11h59 de Brasília), em cerimônia num hangar da base de
Mayport, no norte da Flórida, o
almirante Gary Roughead, chefe de Operações Navais da Marinha norte-americana, declarou restabelecida a Quarta Frota. Na seqüência, entregou seu
comando ao contra-almirante
Joseph Kernan.
Minutos depois, em conversa
com jornalistas brasileiros, ele
e seu colega, o almirante James
Stavridis, disseram que os governos dos países da região
souberam do restabelecimento
da frota "muito antes" do anuncio oficial, feito em abril.
"O comando daqui fez questão de que todos as lideranças
das Marinhas da região soubessem [antes], a expectativa era
de que estas avisassem os governos da região e, se estes tivessem alguma dúvida, eles
certamente poderiam nos fazer
perguntas", disse Stavridis.
"Entenderam errado"
Nos últimos dias, alguns líderes latino-americanos vieram a
público demonstrar surpresa.
O brasileiro Luiz Inácio Lula da
Silva chegou a dizer que pedira
ao chanceler Celso Amorim
que questionasse a secretária
de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.
Indagado sobre o motivo da
reação, Roughead disse: "Eles
[os governos da região] é que
devem responder". Mais adiante, seria mais explícito: "Eles
entenderam errado".
Stavridis foi mais conciliatório: "Precisamos fazer um trabalho melhor de explicar, que é
o que estamos fazendo agora".
Por que agora?
Por que agora? Tanto Roughead quanto Stavridis negam
que o restabelecimento tenha a
ver com eventos recentes como
a mudança de guarda em Cuba,
as novas aquisições militares
de Hugo Chávez ou a descoberta de novos campos de petróleo
no mar brasileiro.
"Quando eu assumi em outubro, esses assuntos não estavam nem em foco", disse Roughead: "Minha motivação era
ter nossa Marinha organizada,
não houve motivos geopolíticos". Stavridis fez coro: "Não
tem absolutamente nada a ver",
disse, enfático.
E por que uma frota com fins
pacíficos é reinstalada tendo à
frente um SEAL, da tropa de
elite de operações especiais da
Marinha, que já esteve em ação
no Iraque e no Afeganistão?
Joseph Kernan disse que
"antes de tudo" é um oficial da
Marinha e seu currículo contou
pontos porque passou sua vida
"se envolvendo e aprendendo
culturas de outros países".
Inicialmente, sua frota operará com um orçamento anual
modesto, de cerca de US$ 10
milhões, e viu o efetivo em seu
QG em Mayport aumentar de
80 militares para os atuais 120
militares. A capacidade de resposta pode ser de "24, 48 horas", disse Stavridis.
(SÉRGIO DÁVILA)
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