São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comandantes dizem que vizinhos foram avisados

Informação sobre nova frota foi repassada a Marinhas, afirmam; "a expectativa era de que estas avisassem os governos da região"

DO ENVIADO ESPECIAL A MAYPORT

"Não se engane: essa frota estará pronta para qualquer operação, a qualquer hora e em qualquer lugar."
Após essa frase, às 10h59 locais (11h59 de Brasília), em cerimônia num hangar da base de Mayport, no norte da Flórida, o almirante Gary Roughead, chefe de Operações Navais da Marinha norte-americana, declarou restabelecida a Quarta Frota. Na seqüência, entregou seu comando ao contra-almirante Joseph Kernan.
Minutos depois, em conversa com jornalistas brasileiros, ele e seu colega, o almirante James Stavridis, disseram que os governos dos países da região souberam do restabelecimento da frota "muito antes" do anuncio oficial, feito em abril.
"O comando daqui fez questão de que todos as lideranças das Marinhas da região soubessem [antes], a expectativa era de que estas avisassem os governos da região e, se estes tivessem alguma dúvida, eles certamente poderiam nos fazer perguntas", disse Stavridis.

"Entenderam errado"
Nos últimos dias, alguns líderes latino-americanos vieram a público demonstrar surpresa. O brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dizer que pedira ao chanceler Celso Amorim que questionasse a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.
Indagado sobre o motivo da reação, Roughead disse: "Eles [os governos da região] é que devem responder". Mais adiante, seria mais explícito: "Eles entenderam errado".
Stavridis foi mais conciliatório: "Precisamos fazer um trabalho melhor de explicar, que é o que estamos fazendo agora".

Por que agora?
Por que agora? Tanto Roughead quanto Stavridis negam que o restabelecimento tenha a ver com eventos recentes como a mudança de guarda em Cuba, as novas aquisições militares de Hugo Chávez ou a descoberta de novos campos de petróleo no mar brasileiro.
"Quando eu assumi em outubro, esses assuntos não estavam nem em foco", disse Roughead: "Minha motivação era ter nossa Marinha organizada, não houve motivos geopolíticos". Stavridis fez coro: "Não tem absolutamente nada a ver", disse, enfático.
E por que uma frota com fins pacíficos é reinstalada tendo à frente um SEAL, da tropa de elite de operações especiais da Marinha, que já esteve em ação no Iraque e no Afeganistão?
Joseph Kernan disse que "antes de tudo" é um oficial da Marinha e seu currículo contou pontos porque passou sua vida "se envolvendo e aprendendo culturas de outros países".
Inicialmente, sua frota operará com um orçamento anual modesto, de cerca de US$ 10 milhões, e viu o efetivo em seu QG em Mayport aumentar de 80 militares para os atuais 120 militares. A capacidade de resposta pode ser de "24, 48 horas", disse Stavridis. (SÉRGIO DÁVILA)


Texto Anterior: Sob polêmica, EUA reativam sua Quarta Frota
Próximo Texto: Comentário: Motivação para frota vem da China
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.