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Suíça reclama de "ataques" da Colômbia
Berna defende mediador, acusado de laços com as Farc; guerrilha se recusa a negociar com governo Uribe
DA REDAÇÃO
A Suíça exigiu ontem que a
Colômbia "cesse com seus repetidos ataques" contra o enviado do país para negociar
com as Farc, Jean-Pierre Gontard, depois que o Ministério
Público colombiano anunciou
que ele será chamado a depor
para explicar sobre seus supostos laços com a guerrilha.
Em nota, a Chancelaria suíça
informa ter acionado "uma iniciativa diplomática com Bogotá
para exigir" que os ataques parem. Diz que Gontard sempre
agiu com anuência do governo
Álvaro Uribe e que "arriscou a
vida" no trabalho de tentar chegar a um acordo para a libertação dos reféns da guerrilha.
Ontem, o procurador-geral
da Colômbia, Mario Iguarán,
anunciou que o mediador suíço
será chamado a depor, "e se é o
caso", a responder à Justiça colombiana, por supostamente
colaborar com as Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da
Colômbia). Uma das acusações
é que Gontard teria sido o portador de US$ 500 mil das Farc.
Na nota, a Suíça voltou a dizer que a acusação faz referência à mediação de Gontard em
2001 para libertar reféns de
uma multinacional: ele "nunca
foi portador do dinheiro".
As acusações se baseiam em
supostos documentos achados
nos computadores de Raúl Reyes, número dois da guerrilha,
morto em março. Desde então,
Bogotá vem vazando textos dos
laptops, mas só depois do sucesso da operação que libertou
Ingrid Betancourt e mais 14 reféns, no último dia 2, o governo
resolveu envolver o mediador
suíço e também o francês, Noël
Sáez, com mensagens de Reyes.
Dois dias após o resgate, o governo Uribe admitiu ter usado
uma reunião dos emissários
francês e suíço com a cúpula
das Farc a fim de ajudar no
enredo para supostamente enganar os guerrilheiros responsáveis pelos reféns.
O papel dos mediadores e a
hipótese de que Bogotá tenha
usado nome de países para enganar a guerrilha são pontos
questionados na versão oficial
para a operação (leia quadro).
Farc querem Ortega
Em uma carta anterior ao
resgate divulgada ontem, as
Farc descartam dialogar com o
governo Uribe e se propõem a
encontrar o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, ou um
enviado dele, para falar "de
guerra e de paz".
A comunicado, de 26 de junho, destinado a Ortega foi divulgado pela chavista Telesur.
O texto elogia longamente a
"valentia" do nicaragüense por
ter seguido ao lado das Farc
"em momentos tão difíceis" como a morte de três integrantes
de sua cúpula, neste ano.
A divulgação da carta coincide com a reunião ontem entre
Ortega, o venezuelano Hugo
Chávez e o presidente equatoriano, Rafael Correa, no Equador. Se Chávez e Correa já criticaram as Farc -e o venezuelano já se reaproximou de Bogotá- Ortega segue em confronto
com Uribe e chama os seqüestrados, assim como a guerrilha,
de "prisioneiros".
"Uribe não foi programado
pelos gringos nem para a troca
[de reféns por guerrilheiros
presos] nem para a paz", escrevem as Farc. Bogotá descartou
mediação estrangeira e diz que
buscará contato direto com a
guerrilha, além de manter
ofensiva militar.
Com agências internacionais
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