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SUCESSÃO NOS EUA/ GUERRA SEM FIM
Iraque desvirtuou política externa dos EUA, diz Obama
McCain acusa adversário democrata de ter propostas prematuras e sem base real
Candidatos têm planos antagônicos para guerra que já supera cinco anos; democrata promete visitar região até fim deste mês
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Em discurso ontem em Washington às vésperas de viajar
para o Oriente Médio, o democrata Barack Obama afirmou
que a guerra no Iraque "distorceu a política externa americana". Foi duramente contestado
por seu rival republicano, o veterano do Vietnã John McCain.
Contrário ao conflito desde a
invasão do país, em 2003, o
candidato de oposição à Casa
Branca disse que o presidente
George W. Bush errou ao priorizar "um país que não teve absolutamente nada a ver com os
ataques do 11 de Setembro" em
vez de focar o Afeganistão, onde a milícia fundamentalista
Taleban vem recrudescendo, e
o Paquistão, onde "a Al Qaeda
tem um santuário crescente".
Citando os mais de 3.000 soldados americanos mortos e
US$ 1 trilhão gastos em cinco
anos de conflito, declarou: "Essa guerra [no Iraque] nos distraiu de todos os perigos que
encaramos e das muitas oportunidades que poderíamos ter
aproveitado. Essa guerra diminui nossa segurança, nossa posição no mundo, nosso Exército, nossa economia e os recursos que precisamos para confrontar os desafios do século
21", declarou. "É inaceitável
que quase sete anos depois e de
cerca de 3.000 americanos terem sido mortos aqui, os terroristas que nos atacaram no 11 de
Setembro continuem livres."
No discurso de 38 minutos
-que começa e termina citando o Plano Marshall, de resgate
da Europa pós-Segunda Guerra- Obama reiterou que os
EUA devem priorizar a diplomacia (ainda que dura) com
países como o Irã e oferecer dinheiro para o desenvolvimento
de países como Afeganistão e
Paquistão, minando a influência de grupos terroristas.
O candidato, que também defende ampliar as tropas no Afeganistão, propõe "ajudar os afegãos a construir sua economia
de baixo para cima" por meio
de uma ajuda adicional de US$
1 bilhão por ano. Diz que é preciso investir em alternativas
para agricultores, para combater a parceria com produtores
de ópio. Com violência ascendente no interior, o país teve no
domingo o pior ataque contra
as forças americanas nos últimos três anos, com nove soldados mortos e outros 15 feridos.
No Paquistão, a estratégia seria semelhante: ampliar a ajuda
durante uma década para conquistar o apoio da população.
Para combater o terrorismo, os
EUA já deram ao país desde
2001 mais de US$ 6 bilhões.
"Nós devemos esperar mais
do governo paquistanês, mas
devemos oferecer mais do que
um cheque em branco para um
general que perdeu a confiança
de seu povo", afirmou, referindo-se ao presidente Pervez
Musharraf, aliado dos EUA cujo poder foi reduzido após eleições que escolheram um novo
premiê no início deste ano.
Para McCain, as propostas
são prematuras: "Obama fala
de seus planos para o Iraque e
Afeganistão antes mesmo de
ter ido para lá, de ter falado com
o general [David] Petraeus [comandante das operações dos
EUA no Oriente Médio], de ter
visto o progresso no Iraque e de
pisar no Afeganistão". O democrata deve viajar aos países nesta semana ou na próxima -as
datas não foram divulgadas por
questões de segurança.
McCain defendeu ainda a
permanência no Iraque até que
haja "vitória plena", um conceito tido como impreciso, propôs
aumentar o contingente no
Afeganistão e nomear um "czar
da guerra" na Casa Branca, para
controlar de longe as ações no
país. "Sei como vencer guerras.
Se eu for eleito, vou reverter a
situação no Afeganistão, assim
como fizemos no Iraque."
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