São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Gabinete palestino acusa EUA de incentivar Israel; antecessor de Rantisi morreu em ação semelhante em março

Ataque de Israel mata novo líder do Hamas

DA REDAÇÃO

Um ataque aéreo israelense matou ontem o líder do grupo terrorista palestino Hamas em Gaza, Abdel Aziz Rantisi, que assumira o cargo havia menos de um mês. Seu antecessor, xeque Ahmed Yassin, fora morto em uma operação semelhante no dia 22.
O governo de Israel declarou ter matado um "mentor do terrorismo". Dezenas de milhares de palestinos encheram as ruas de Gaza para protestar contra a morte do co-fundador do Hamas, numa campanha que Israel chama de "eliminação seletiva" de líderes terroristas para se defender.
Ações do grupo, que prometeu destruir o Estado judeu, já mataram centenas de israelenses. Na manhã de ontem, horas antes do ataque de Israel, um terrorista suicida palestino se explodiu no cruzamento de Erez, matando um soldado israelense e ferindo outros três num ato reivindicado pelo Hamas e pelas Brigadas dos Mártires de Al Aqsa.
A ação de ontem ocorreu num momento em que Israel se prepara para deixar Gaza como parte de um plano apoiado pelos EUA dentro do do processo de paz na região. O Hamas tem empreendido esforços para convencer a opinião pública de que a retirada é uma derrota para o governo do premiê Ariel Sharon. Em contrapartida, segundo analistas, Israel tem executado as ações mais duras desde o reinício da Intifada (levante palestino), em setembro de 2000.
Rantisi morreu depois que dois mísseis disparados por um helicóptero israelense atingiram o carro em que estava, em Gaza. Ele foi levado vivo para um hospital, mas não resistiu a ferimentos na cabeça. Dois de seus guarda-costas também morreram.
Desde que assumira a liderança do grupo, Rantisi vinha exortando os militantes do Hamas a atacarem "a qualquer hora e em qualquer lugar".

Acusações e vingança
"Israel vai se arrepender disso. A vingança está chegando", disse Ismail Haniya, um dos líderes do Hamas. "Esse sangue não será desperdiçado. É nosso destino, no Hamas e como palestinos, morrer como mártires."
O porta-voz da Chancelaria israelense, Jonathan Peled, disse que Israel matou "um mentor do terrorismo com sangue nas mãos". "Enquanto a Autoridade [Nacional] Palestina não mover um dedo para combater o terrorismo, Israel terá de continuar fazendo isso sozinho", afirmou.
Iasser Arafat, presidente da ANP, condenou "vigorosamente" a morte de Rantisi, a quem chamou de "valente chefe de combate". "A resistência é nosso único caminho", diz o comunicado divulgado pelo gabinete de Arafat.
O premiê palestino, Ahmed Korei, acusou os EUA. "O gabinete palestino considera essa campanha terrorista israelense um resultado direto do incentivo americano e da posição totalmente enviesada do governo dos EUA em relação ao governo israelense", disse Korei. Washington negou que tenha dado sinal verde para Israel matar Rantisi.
Israel já havia tentado matar Rantisi numa ação semelhante em junho do ano passado, quando ele era o porta-voz do Hamas.


Com agências internacionais

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