|
Texto Anterior | Índice
RELIGIÃO
Almerentina Elias Borges rezou para Virgínia após ter sido desenganada pelos médicos devido a um câncer no útero
Papa canoniza hoje italiana que "curou" brasileira
PAULO DANIEL FARAH
ESPECIAL PARA A FOLHA
O papa João Paulo 2º canoniza
hoje uma italiana que se tornará
santa graças a um suposto milagre que teria curado a brasileira
Almerentina Elias Borges, 91.
Era necessária a comprovação,
por parte do Vaticano, de mais
um milagre para que Virgínia
Centurione Bracelli pudesse ser
cultuada como santa em todo o
mundo. Borges relata que tinha
câncer no útero e havia sido desenganada pelos médicos quando
rezou para Virgínia, em 1988.
"Sentia que eu estava morrendo
e rezava para a santinha. Foi um
milagre. Depois desse tratamento
com ela, nunca mais tive de fazer
exame. De vez em quanto, tenho
uma gripe, mas é só isso. Tenho
muita fé nela. Continuo rezando",
disse Borges, por telefone, de
Uberaba (MG). "Estou emocionada de ter sido beneficiada por
um milagre, pela santidade dela."
Há várias etapas no processo
para se tornar santo, como servo
de Deus e venerável, quando o papa reconhece virtudes heróicas. O
candidato vira beato quando se
reconhece que realizou um milagre. Para se tornar santo, um novo
milagre deve ser reconhecido.
Para demonstrar o suposto milagre, os postulantes devem escolher um caso e demonstrar que a
intervenção do candidato foi fundamental, como no caso da brasileira. O milagre mostra que o santo está ao lado de Deus e pode interceder a favor de seus fiéis.
A filha mais velha de Borges
confirma a versão do milagre. "Os
médicos diziam que ela não tinha
nem três meses de vida. Foi uma
corrente de oração de toda a família, que é muito católica. Rezávamos para a beata Virgínia. Foi milagre mesmo. Não podemos esconder as coisas de Deus", diz Juvenides Bernardes Padovani, 67.
Ela recomenda uma oração em
prol da santa que diz, entre outras
coisas, "Pai santo, nós vos agradecemos por ter concedido à beata
Virgínia a chama viva do amor".
Virgínia
Nascida em dia 2 de abril de
1587, em Gênova (Itália), Bracelli
ficou viúva aos 20 anos, fez voto
de castidade perpétua e decidiu
dedicar-se aos pobres, velhos e
doentes.
Fundou a Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte
Calvário, que atua em nove países. No Brasil, aonde chegou em
1928 e onde atuam 92 irmãs, está
presente em diversos Estados.
Possui colégios, creches, escolas
especializadas para cegos e surdos
e hospitais para tratamento de
hanseníase.
Em São Paulo, segundo a irmã
Dinilva Matos, desde o início de
fevereiro a congregação vem promovendo eventos para celebrar a
canonização de Virgínia (1587-1651). Beatificada em 1985, a italiana precisava de mais um milagre para tornar-se santa. E foi justamente a cura de uma brasileira
que a favoreceu.
Ao menos 50 brasileiros viajaram para Roma para participar da
cerimônia hoje na praça São Pedro, incluindo uma das irmãs de
Almerentina, Anselma Borges.
Almerentina Borges preferiu ficar
em Uberaba. O papa João Paulo
2º também comemora hoje seu
83º aniversário.
Paulo Daniel Farah é professor na
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da USP
Texto Anterior: Artigo: Projeto de Bush enfrenta a realidade Índice
|