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Crimes já estão no centro do debate eleitoral
DE BUENOS AIRES
Um crime hediondo ganhou as
manchetes dos jornais argentinos
na última semana, revoltou a população e transformou a violência
em centro do debate eleitoral.
Na segunda-feira, a polícia encontrou o corpo de Diego Peralta,
17, às margens de um riacho na
Grande Buenos Aires. O jovem
havia sido sequestrado 38 dias antes. Além da idade da vítima, três
outras circunstâncias chocaram a
população: a família já havia pago
parte do resgate, o rapaz foi esfaqueado sete vezes e dois policiais
foram apontados como suspeitos
do assassinato.
Pressionado pela mídia e pelo
descontentamento popular, o governo foi obrigado a reagir. O presidente Eduardo Duhalde aumentou de mil para 2.000 o número de
policiais federais militarizados
que vão atuar na Província de
Buenos Aires, o epicentro dos
atos de violência. Ele, no entanto,
descartou o uso das Forças Armadas para garantir a segurança interna, como se especulava.
Os atos de violência também tiveram repercussões nas campanhas para a eleição presidencial
de março. O mais polêmico dos
pré-candidatos foi o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), do
Partido Justicialista (peronista),
que defendeu a pena de morte para crimes hediondos e disse que,
se fosse presidente, decretaria
imediatamente estado de sítio para conter a violência.
O Congresso também recebeu
uma enxurrada de projetos para
aumentar a segurança, que prevêem desde o aumento da pena
para homicídios e sequestros até a
decretação de estado de emergência interna por três anos.
Para o professor Ricardo Sidicaro, especialista em violência da
Faculdade de Ciências Sociais da
Universidade de Buenos Aires, a
maioria das propostas é "demagógica". "Os políticos aproveitam
o calor do momento. Duvido que,
se houvesse um plebiscito dentro
de alguns dias, projetos como a
pena de morte teriam o apoio da
população", disse.
(JS)
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