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Rússia promete começar hoje retirada das tropas
Moscou anuncia retorno gradual das tropas à Ossétia do Sul e sua substituição por forças de paz
Caso não o faça, o líder francês Nicolas Sarkozy prevê "conseqüências sérias"; Otan se reúne para tratar de conflito amanhã
DA REDAÇÃO
O presidente russo, Dmitri
Medvedev, prometeu ontem ao
francês Nicolas Sarkozy que
hoje, ao meio-dia (5h em Brasília), as tropas russas começam
a sair da Geórgia. Sarkozy respondeu que haverá "conseqüências sérias" entre as relações da União Européia e da
Rússia caso não o faça.
No sábado, Medvedev havia
assinado um acordo de cessar-fogo, mas dizia que não existia
um calendário para a retirada
das tropas. O presidente sugere
que os soldados russos fiquem
na região separatista georgiana
da Ossétia do Sul, o foco do conflito. O acordo de paz admite
que a Rússia tenha militares na
Geórgia, 10 km além da divisa
da Ossétia do Sul e da também
separatista Abkházia.
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, disse que não
cederá "nenhum quilômetro
quadrado" das regiões, que são
na prática protetorados russos
desde 1992. A tentativa de retomar o controle da Ossétia do
Sul pela Geórgia, no último dia
8, detonou o conflito.
Segundo um comunicado do
Kremlin, os militares se deslocarão em direção à Ossétia do
Sul e a uma zona de segurança
que coincide com sua fronteira.
O subchefe do Estado-Maior do
Exército russo, Anatoli Nogovitsin, informou que a retirada
será "gradual".
Segundo o Ministério de Relações Exteriores da Geórgia,
os russos deixaram o porto de
Poti (mar Negro), mas continuam no controle das cidades
de Gori, Senaki e Zugdidi. Porém o general Vyacheslav Borisov, comandante russo em Gori, disse à France Presse que "as
tropas russas [na cidade] começaram a sair, e as forças de paz
estão começando a chegar".
A France Presse relata que
soldados russos ainda ocupam
a base militar de Teklati, perto
de Senaki (oeste do país). Quatro helicópteros russos, dois de
combate, sobrevoavam a base.
Tropas armadas continuavam em Gori, testemunhou o
"New York Times". Algumas
equipes saíram em direção à capital da Geórgia, Tbilisi.
De acordo com a Associated
Press, há diversos postos de
controle russos na estrada entre Igoeti e Gori. Alguns veículos blindados estão camuflados
à beira da estrada.
Pressão
Os EUA se mostraram céticos em relação ao anúncio da
Rússia. "Espero que, desta vez,
cumpram sua palavra. Caso
contrário, as pessoas se perguntarão se podem confiar na
Rússia", disse a secretária de
Estado americana, Condolezza
Rice, em entrevista à NBC.
À CNN o secretário da Defesa, Robert Gates, disse duvidar
que haverá uma retirada rápida
das tropas. "Os russos provavelmente demorarão mais tempo do que gostaríamos." Ele entende que a guerra obriga os
EUA a reavaliarem a relação
entre as superpotências.
A chanceler alemã, Angela
Merkel, que está em Tbilisi,
disse "esperar uma saída muito
rápida". Em provocação a Moscou, ela disse que a Geórgia será
membro da Otan (aliança militar ocidental), sem definir uma
data. "A Geórgia será membro
da Otan se quiser, e é isso o que
quer." Para Merkel, o país cumpre a condição de ser independente e soberano.
Em abril, a Otan negou à
Geórgia a condição de "candidato oficial" -os países contrários temiam irritar a Rússia.
Amanhã, os chanceleres da
Otan deverão reiterar o apoio à
Geórgia, mas ainda parecem divididos sobre a Rússia.
Sarkozy escreveu, no diário
francês "Figaro", que a retirada
das tropas é "inegociável". "Se
essa cláusula não se aplica rápida e totalmente, eu me verei
obrigado a convocar um conselho europeu extraordinário para decidir que conseqüências se
aplicam."
Com agências internacionais
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