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VATICANO
Pontífice pede a padre que leia texto; Santa Sé confirma presença de João Paulo 2º em canonização de madre Paulina
Papa faz 82 e não consegue ler discurso
Associated Press
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Papa beija uma criança durante a cerimônia que marcou seu aniversário de 82 anos, na Santa Sé |
DA REDAÇÃO
O papa João Paulo 2º comemorou ontem o seu 82º aniversário
ante dezenas de milhares de pessoas que cantaram "Parabéns para Você" no Vaticano. Apesar do
clima festivo, ele não conseguiu
ler todo o seu discurso de aniversário. Um padre postado atrás de
João Paulo 2º leu a maior parte da
mensagem, passando o texto para
o papa nos últimos parágrafos.
Ultimamente o pontífice vem
usando a ajuda de assessores para
a leitura de textos escritos em línguas que para ele são de difícil
pronúncia, mas o líder da Igreja
Católica normalmente lê por
completo os seus discursos em
italiano, como o de ontem.
Apesar dessa nova demonstração da fragilidade de sua saúde, a
agenda de João Paulo para hoje
não foi mudada e ele deve comparecer à cerimônia de canonização
de madre Paulina do Coração
Agonizante de Jesus e de outros
quatros religiosos -um espanhol
e três italianos.
Uma viagem para o Azerbaijão
(Ásia central) e para a Bulgária
(Leste Europeu) está programada
para começar na quarta-feira.
Durante a comemoração, João
Paulo 2º beijou uma criança levada a ele. Depois de abençoar a
multidão que assistia à cerimônia,
ele teve de sair amparado por assessores.
Desde 1993, o papa tem manifestado claros sintomas do mal de
Parkinson, uma desordem do sistema nervoso. Entre esses indícios
destacam-se um tremor quase incontrolável de seu braço esquerdo
e uma rigidez de seus músculos
faciais, dando ao pontífice uma
expressão de fragilidade.
O papa sofre também de uma
artrose no joelho e das consequências do atentado a tiros que
quase o matou no começo da década de 1980. De tempos em tempos surgem rumores de que uma
operação ortopédica será necessária, já que João Paulo 2º reclama
de dores na junta.
Os dias que antecederam a celebração do aniversário papal foram marcados pelo retorno dos
debates na imprensa mundial sobre uma possível renúncia por
motivos de saúde. Essas especulações parecem se tornar recorrentes sempre que se aproximam datas marcantes deste pontificado.
O próprio João Paulo 2º, na última quarta-feira, disse a peregrinos no Vaticano que gostaria de
continuar levando adiante a sua
missão. Mesmo assim, na quinta-feira, dois cardeais disseram acreditar que o papa teria "a coragem"
de deixar o cargo voluntariamente caso sentisse a impossibilidade
de continuar por causa da saúde.
O número 2 do Vaticano, cardeal Angelo Sodano, teve de ir a
público e contradizer os que defendem uma saída voluntária de
João Paulo 2º: "O papa está no timão do navio e todos nós, que
trabalhamos com ele, estamos
nos remos".
O jornal da Santa Sé, "L'Oservatore Romano", mostrou na capa a
foto de um papa sorridente e a
manchete: "Muitos mais anos,
Santo Padre!"
O último papa a renunciar por
vontade própria foi Celestino 5º,
em 1294. Gregório 12 foi forçado a
abdicar por causa de disputas internas em 1415.
Dia normal de trabalho
O porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls, disse que
João Paulo 2º vai marcar a data
com um almoço íntimo com seus
assessores mais próximos e com
alguns cardeais que chefiam departamentos do Vaticano. Seria
servido um bolo tradicional feito
por uma freira polonesa.
Como nos últimos anos, o dia
foi de trabalho normal na Santa
Sé. O papa recebeu jovens e um
grupo de bispos do Equador. Ele
também foi abençoar uma estátua
de santa Maria Josefa do Coração
de Jesus, que foi inaugurada na fachada da basílica de São Pedro.
Os compromissos papais nos
próximos dias devem levar ainda
mais ao limite a resistência de
João Paulo 2º. Um dos eventos
mais importantes é a visita à Bulgária. Missas em todo o país celebraram a passagem da data natalícia do pontífice e desejaram saúde a ele.
Em algumas cidades búlgaras,
porém, cartazes contra a visita foram vistos em locais de destaque.
"Fora papa herege!", dizia um deles. A maioria da população de
cerca de 9 milhões segue a Igreja
Ortodoxa. Há também uma importante minoria de muçulmanos
e apenas 70 mil católicos.
Outro ponto diplomático a ser
sanado com a Bulgária seria o envolvimento dos serviços secretos
búlgaros no atentado de 1981.
Com agências internacionais
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