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MULTIMÍDIA
Imprensa poupou o
governo, diz Rather
ANDREW BUNCOMBE
DO "THE INDEPENDENT", EM WASHINGTON
Dan Rather, um dos mais respeitados e conhecidos homens de
mídia dos EUA, disse que o clima
de extremo patriotismo que envolve o país desde os ataques de 11
de setembro impede a imprensa
de fazer as perguntas difíceis aos
líderes do país. Ele se disse também culpado pela autocensura.
"Pode parecer uma comparação obscena, mas, você sabe, houve uma época na África do Sul em
que as pessoas colocavam pneus
em chamas nos pescoços dos que
discordavam", disse Rather. "De
alguma maneira, o medo aqui é
de que ponham o "pneu em chamas" da falta de patriotismo em
seu pescoço. É esse medo que impede os jornalistas de fazer as perguntas mais duras sobre os assuntos mais sérios. Eu devo humildemente dizer que não me excluo
dessa crítica", afirmou.
O jornalista ainda acrescentou:
"Temo que o patriotismo se
transforme numa fúria assassina
que atropele os valores que este
país procura defender".
Desde os ataques terroristas de
setembro, Rather, 70, âncora veterano da rede de TV CBS, tem muitas vezes personificado o próprio
patriotismo americano.
Uma semana depois dos atentados, ele se desmanchou em lágrimas enquanto falava no programa de entrevistas de David Letterman. Depois disso, quando esteve
no centro dos acontecimentos ao
receber uma carta com antraz, ele
declarou: "Nosso maior problema não é o antraz. Nosso maior
problema é o medo".
Agora, Rather afirma crer que
tentar trazer transparência aos
atos do governo seja realmente o
seu maior dever patriótico. "Falta
de patriotismo é não se levantar,
olhá-los nos olhos e fazer as perguntas que eles não querem ouvir
-"eles", digo, são aqueles que têm
a responsabilidade maior em nossa sociedade, a responsabilidade
de mandar nossos filhos, nossas
mulheres e nossos maridos, nosso
sangue para enfrentar a morte."
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