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Decreto afrouxa limite de terra em Cuba
Texto formaliza promessa de Raúl de estimular a produção em áreas ociosas; governo cobrará imposto
DA REDAÇÃO
Decreto cubano divulgado
ontem detalhou pela primeira
vez as regras que permitirão
ampliar as terras nas mãos dos
mais produtivos agricultores
privados, uma semana depois
de o líder máximo de Cuba,
Raúl Castro, exortar a ilha a
cultivar "cada hectare apto" para enfrentar a inflação mundial
dos alimentos.
Pela legislação, publicada ontem nos jornais oficiais, agricultores que comprovem o uso
produtivo de suas terras poderão ampliá-las até o limite de
40 hectares por um período de
dez anos, renovável por mais
dez. No caso de pessoas jurídicas (estatais ou cooperativas),
não se menciona o limite da expansão, mas o prazo de usufruto é de 25 anos, renovável.
As regras hoje em vigor ditam que as fazendas privadas
podem ter até 69 ha, de forma
que a reforma parece visar os
menores produtores da ilha.
Serão distribuídas terras hoje ociosas que não poderão ser
arrendadas ou vendidas. O texto prevê definir depois um imposto sobre o uso da terra -as
já em cultivo e as novas.
Raúl Castro alçou a agricultura a tema de "segurança nacional". Repetiu em vários discursos que distribuiria as terras
ociosas. Na sexta passada, no
primeiro discurso ante o Parlamento, anunciara para "breve"
o decreto de ontem e falou da
crise no setor: a área cultivada
encolheu 33% em nove anos e a
ilha gastará US$ 1 bilhão a mais
neste ano com comida.
Outro anúncio do discurso
confirmado em decreto ontem
foi a autorização para que professores aposentados voltem às
escolas -acumulando duas
fontes de renda- para aplacar a
crise no ensino, principalmente pela evasão de docentes.
A reforma agropecuária é a
mais importante das recentes
medidas do governo de Raúl,
que assumiu formalmente em
fevereiro. Antes do decreto, o
governo havia anunciado a descentralização da gestão e a venda direta de insumos a agricultores privados e cooperativas.
O governo aposta que, com
mais terras, produtores particulares vão alavancar a produção. Segundo analistas e os próprios agricultores, há dinheiro
para tal, pois os produtores viram a renda crescer vendendo
o excedente do plantio -o que
sobrava do obrigatório contrato com o Estado-, em mercados de preços não regulados.
Mas há problemas. Um deles
é o arbusto que se alastrou como praga nas terras ociosas, o
marabu. O outro, mais grave, é
o acesso a maquinário e energia. O especialista em Cuba
Frank Mora, do Colégio Nacional de Guerra, em Washington,
compara: "A China distribuiu
menos terra nos anos 80 e teve
problemas com recursos. Uma
coisa é plantar vegetais numa
pequena área, outra é ser produtivo em 40 ha", disse à Reuters.
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