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Após três décadas, Irã e EUA sinalizam distensão
Teerã diz aceitar escritório comercial americano e reabertura de linhas aéreas
Washington cala; abertura se acentua na véspera de reunião sobre programa nuclear de Teerã, quando EUA sentarão com iranianos
DA REDAÇÃO
Estados Unidos e Irã reforçaram ontem os indícios de que,
após três décadas de hostilidades, são verdadeiros rumores
de que caminhem rumo a uma
cautelosa distensão destinada a
apaziguar a retórica incendiária das últimas semanas sobre o
programa nuclear de Teerã.
Na véspera de uma reunião
em Genebra entre representantes da União Européia e do
Irã que terá a inédita participação de um representante americano, o chanceler iraniano,
Manouchehr Mottaki, confirmou rumores divulgados na
imprensa sobre a possibilidade
de abertura de um escritório de
interesses comerciais dos EUA
em Teerã e o restabelecimento
de linhas aéreas entre os países.
"Acho que pode haver um
acordo sobre esses dois assuntos", disse ontem o chanceler.
Os EUA cortaram as relações
com o Irã depois que islâmicos
radicais mantiveram 52 reféns
durante 444 dias em sua embaixada em Teerã, em 1979.
Desde então, a Casa Branca impôs um embargo sobre o Irã e
pressionou a ONU a também
adotar punições econômicas.
O governo americano não
confirmou nem desmentiu as
informações, mas ressaltou que
"Washington busca maneiras
de alcançar o povo iraniano".
Em tom parecido, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, afirmou que os EUA "não
têm nenhum inimigo permanente" e destacou o significado
do envio a Genebra do número
três da diplomacia americana,
William Burns: "Trata-se de
um forte sinal ao mundo todo
de que estamos sendo muito
sérios com essa diplomacia e
que continuaremos sendo".
Ruptura
Oficialmente, Burns participará do encontro do chefe da
diplomacia da União Européia,
Javier Solana, com o negociador iraniano para temas nucleares, Said Jalili, apenas para
"escutar, e não negociar" -a
reunião também terá representantes de Reino Unido, França,
Rússia e China e Alemanha.
Mas a inclusão de um alto diplomata em conversas diretas
com o Irã é unanimemente vista como uma ruptura na política da Casa Branca em relação
ao programa nuclear de Teerã.
Até então, o governo americano condicionava o diálogo
com o Irã à suspensão do programa de enriquecimento de
urânio -que Teerã diz visar à
produção de eletricidade, mas
que potências ocidentais temem ter como meta a bomba
atômica. O aumento da temperatura retórica nas últimas semanas despertou temores de
um ataque americano ou israelense contra o Irã.
Segundo analistas, a reaproximação entre EUA e Irã resulta de interesses comuns na pacificação do Iraque e do Afeganistão, onde o ressurgimento
do Taleban preocupa tanto
Washington como Teerã.
Mas ao mesmo tempo em
que sinalizam maior abertura,
EUA e Irã continuam com posições antagônicas em relação à
maneira de resolver o impasse.
Reforçando a previsão de que
o encontro de Genebra hoje
não supere o simbolismo diplomático, Rice insistiu que a disposição da Casa Branca em sentar à mesa com os iranianos não
significa que a posição americana em relação ao programa nuclear tenha esmorecido.
Já o Irã disse que continuará
rejeitando a exigência americana de suspender seu programa
de enriquecimento de urânio.
Com agências internacionais
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