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Rússia anuncia saída da Geórgia, mas segue no país
Chefe do Estado-Maior é evasivo sobre prazo de retirada, apesar da pressão dos EUA e da UE
Presidente russo promete "resposta arrasadora" em caso de novo ataque; EUA dizem que Moscou pretende lançar mísseis da região
DA REDAÇÃO
A Rússia anunciou ontem
que começou a retirar suas tropas da Geórgia, atendendo a
uma das exigências do plano de
paz mediado na semana passada pela União Européia (UE),
que pôs fim a seis dias de guerra
no Cáucaso. Mas soldados russos não só ainda ocupam pontos-chave do território georgiano, fora das regiões separatistas
da Ossétia do Sul e da Abkházia,
como seguem avançando sobre
estradas e bases militares.
O chefe do Estado-Maior de
Moscou, general Anatoli Nogovitsin, assegurou que os militares russos já estão regressando,
mas foi evasivo e irônico sobre
o prazo da retirada. "Só posso
dizer com certeza quando será
o Ano Novo, mas não posso dar
uma data exata para a retirada
de nossos soldados", disse.
O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, manteve o tom
desafiador dos últimos dias ao
prometer "resposta arrasadora" a quem atacar seus cidadãos. "Temos todos os recursos
necessários, políticos, econômicos e militares. Se alguém
tem alguma ilusão sobre isso,
terá de abandoná-la", disse
Medvedev, que ontem condecorou e saudou como "heróis
nacionais" soldados russos que
participaram do conflito.
A guerra começou em 7 de
agosto, quando a Geórgia invadiu a Ossétia do Sul numa tentativa de retomar o controle do
território autônomo russófilo,
que um acordo em 1992 transformou numa espécie de protetorado de Moscou. A Rússia
respondeu com uma ofensiva
maciça contra a Geórgia.
O conflito aberto terminou
na quarta-feira, quando a
União Européia mediou um
acordo que, na prática, significou a rendição georgiana. Ele
prevê o fim das hostilidades e o
retorno dos militares dos dois
países às posições que ocupavam antes do conflito, mas permite à Rússia tomar "medidas
adicionais" de segurança numa
faixa de dez quilômetros na
fronteira dos dois territórios
separatistas.
O acordo de paz não define
prazo para a retirada russa, mas
tanto a UE quanto os EUA -os
americanos são aliados de Tbilisi- têm aumentado as pressões para que ela ocorra "sem
mais demora". O presidente da
França, Nicolas Sarkozy, que
ocupa a presidência da UE, disse que o acordo não permite à
Rússia controlar as rodovias
georgianas, como tem ocorrido.
Ontem, o governo georgiano
disse que tropas russas destruíram uma base militar perto de
Senaki, no oeste, e carros da polícia georgiana na cidade de
Igoeti, no caminho entre Gori e
Tbilisi. Jornalistas da France
Presse reforçaram essa versão,
relatando em detalhes como
tanques russos esmagaram veículos policiais em Igoeti.
A Rússia também controla as
entradas de Gori, principal
ponto de passagem entre o leste e o oeste da Geórgia. A CNN
constatou ontem que não havia
movimentação que indicasse a
saída dos tanques. Questionado
pela Reuters sobre quanto tempo os soldados russos continuariam em Gori, um jovem
soldado respondeu: "Não sabemos. A ordem é ficar aqui".
Jornalistas estrangeiros disseram ainda ter visto colunas
de tanques russos indo em direção às cidades de Senaki, Borjomi e Kashuri, onde já havia
contingentes da Rússia.
Funcionários do Departamento da Defesa dos EUA acusaram ontem Moscou de instalar na Geórgia bases de lançamento de mísseis SS-21, que
poderiam ser disparados contra Tbilisi. Moscou negou.
Ajuda humanitária
A ONU fez um apelo por US$
58,6 milhões para milhares de
civis vítimas do conflito na
Geórgia. O dinheiro será usado
para fornecer atendimento médico e comprar água potável para as cerca de 128.700 pessoas
deslocadas pelo conflito na
Geórgia.
Com agências internacionais
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