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Cirurgiões brasileiros comemoram decisão
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil nunca proibiu o uso de
próteses de silicone, mas a provável decisão da FDA de liberar os
implantes, depois de 11 anos de
interdição, foi comemorada ontem na mineira Araxá. A cidade
sedia até hoje a 4ª Jornada Mineira de Cirurgia Plástica, promovida pela sociedade que reúne os cirurgiões plásticos (SBCP).
"A decisão do órgão norte-americano vem tranquilizar aquelas
brasileiras que ainda tinham medo", disse Luiz Carlos Garcia, presidente da SBCP, pelo telefone. "É
difícil dizer se haverá um aumento das cirurgias, mas haverá um
aumento de tranquilidade", diz
Helton de Castilho, secretário-geral da sociedade.
A proibição pela FDA se devia a
prováveis casos de deslocamentos
da mama, surgimentos de tumores e câncer nos seios e o aparecimento de doenças auto-imunes.
Um movimento internacional de
mulheres passou a cobrar na Justiça indenizações dos fabricantes
de silicone, especialmente da Dow
Corning, o maior deles. Estima-se
que cerca de 500 mil mulheres em
todo o mundo, 5.000 delas brasileiras, tenham se envolvido nessas
ações. A Dow Corning chegou a
criar um fundo de cerca de US$
3,2 bilhões às supostas vítimas,
como forma de encerrar a enxurrada de ações.
Alheio à polêmica, o Brasil fez,
só no ano passado, 40 mil cirurgias de implantes de silicone em
seios. O país, que tem 4.200 cirurgiões plásticos, só perde em número de cirurgias plásticas para
os EUA. No ano passado, fez 370
mil, contra 500 mil realizadas pelos norte-americanos.
Um projeto de lei, encabeçado
pelo então senador Sebastião Rocha, proibia o implante de silicone
com base "sobretudo na decisão
da FDA". "Como o órgão americano mudou sua posição, o projeto perde a razão", diz Garcia.
Encabeçado pela carioca e vítima Bárbara Ferreira, 56, o projeto
sofreu alterações e limitou-se a
restringir seu uso em adultos,
proibiu o emprego do silicone líquido e passou a exigir um consentimento assinado pelo paciente. A SBCP diz que no Brasil não
há registros de danos aos organismo provocados pelo silicone. Os
médicos, segundo a sociedade, só
empregam silicone em gel, encapsulado por tecido especial, que
impede o contato com a corrente
sanguínea e qualquer risco de vazamento.
A sociedade também exige, como é de praxe, a autorização dos
pais quando a paciente é menor e
proíbe o uso de silicone líquido.
Segundo seu presidente, a SBCP
não concorda com a obrigatoriedade de um "consentimento assinado", pois o fato criaria uma espécie de "descriminação" dos implantes de silicone.
Humberto Ferreira, filho de
Bárbara Ferreira, diz não acreditar na mudança de conduta da
FDA e acusa a SBCP de esconder
os danos provocados pelo silicone. "Minha mãe perdeu os cabelos, teve tumores nas mamas, passou a sofrer de lúpus e perdeu
uma das vistas."
No Brasil, os custos de um par
de próteses, dependendo do tamanho, fica entre R$ 2.000 e R$
3.000. Todo o procedimento, incluindo médicos e hospital, varia
entre R$ 6.000 e R$ 12.000, de
acordo com a clínica e a região.
Segundo a SBCP, de cada dez
mulheres que procuram os médicos para cirurgia nos seios, cinco
querem aumentá-los com próteses e cinco querem diminuí-los.
Em geral, aquelas que querem reduzi-los estão preocupadas com
futuros problemas de saúde. Apesar de uma maior "valorização"
do "bumbum" no Brasil, a aplicação de silicone nos glúteos vem
crescendo muito lentamente.
Nas clínicas conceituadas, 2% a
5% das pacientes são americanas
que vêm atraídas pelo custo menor e a habilidade dos brasileiros.
Todas querem aumentá-los.
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