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Vítima liderava grupo de diálogo israelo-palestino
FREE-LANCE PARA A FOLHA
George Khoury, 20, é um
símbolo da elite cristã e islâmica moderada árabe em Israel.
Árabe-israelense, ele tinha como um de seus melhores amigos um muçulmano. Estudava
economia e relações internacionais na Universidade Hebraica de Jerusalém. Era pianista, liderava grupos de diálogo israelo-palestinos e já havia
representado os palestinos em
simulação da Assembléia Geral
da ONU para jovens ocorrida
na China há alguns anos.
Elias Khoury, o pai, é um dos
mais proeminentes advogados
árabes de Israel. Sua família
mora em uma típica casa árabe
da parte oriental da cidade, onde o vinho consumido é feito
com uvas do próprio pomar.
George, que praticava capoeira, corrida e musculação,
costumava correr três vezes
por semana na French Hill
-uma área comum para o jogging no lado judaico de Jerusalém-, acompanhado da mãe e
da irmã. Mas, no dia 19 de março, uma sexta-feira, as duas não
foram.
Quando atravessava um ponto isolado dessas colinas, um
carro passou perto de George e
disparou contra ele. O estudante morreu na hora. Assim como o seu avô 30 anos antes, ironicamente George foi alvo do
terrorismo palestino. O grupo
Brigadas dos Mártires de Al
Aqsa, ligado ao Fatah, reivindicou o ataque. Os responsáveis
já foram presos.
No domingo seguinte (no sábado os jornais não circulam
em Israel), a foto de George estava nas primeiras páginas de
todos os diários do país como
uma vítima israelense da Intifada. No lado palestino, autoridades ligavam para Elias para
lamentar a morte do filho dele.
E, nas mesmas edições, as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa
pediam desculpas, dizendo que
o confundiram com um judeu.
"Dizer que o confundiram
com um judeu é uma besteira.
Se o morto fosse um israelense
judeu não mudaria nada. Seria
apenas um outro estudante
correndo, inocente, sendo vítima desses estúpidos", diz David Khoury, que estava na Escócia quando recebeu a notícia
da morte do irmão.
A melhor amiga de George,
Gabriela Frey, das Ilhas Virgens e que estudou com ele em
Jerusalém, soube da morte do
amigo quando viu a foto dele
na CNN durante uma entrevista de emprego em Atlanta
(EUA), onde vive hoje. De férias em Jerusalém, ela disse que
George era um exemplo de
convivência entre os dois lados.
Ao contrário dos outros árabes, ele gostava do desafio de
conviver com os israelenses e
de ver o lado positivo no outro.
Esse foi um dos motivos que o
levaram a estudar em uma universidade judaica e não ir para
o exterior como o seu irmão e
muitos dos seus amigos.
O melhor amigo de George,
Muhammad Alayan, que mora
em Amã (Jordânia) atualmente, resume o sentimento em relação ao atentado: "Os assassinos estão presos, George morreu e a Palestina continua ocupada. Para que adiantou estragar mais uma família?".
(GC)
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