São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2008

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Após derrota, Cristina tenta se "relançar"

Governo argentino prepara um pacote para resgatar apoio popular, além de uma reforma de gabinete, diz o jornal "La Nación"

Entre as ações estariam o aumento do salário mínimo; no entanto, fim de imposto também deve provocar medidas impopulares


ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

Para aplacar os efeitos da crise com o campo e da derrota no Senado do projeto de lei que aumentava os impostos sobre as exportações de grãos, o governo argentino está preparando um plano para buscar o apoio popular, com o aumento do salário mínimo, de aposentadorias e de programas de transferência de renda.
As medidas, segundo o jornal "La Nación", seriam uma forma de relançar o governo e tentar recuperar a popularidade da presidente Cristina Kirchner, obrigada a anular a resolução que determinava o aumento de impostos após o veto do Senado, com o voto de Minerva de seu vice-presidente, Julio Cobos, na quinta-feira.
O anúncio dos chamados impostos móveis gerou quatro locautes ruralistas, bloqueios de estradas, desabastecimento e aumento da inflação.
Mas a derrota do governo também deve gerar medidas impopulares. Para compensar a arrecadação que teria com o aumento de impostos, de cerca de US$ 1,3 bilhão, o governo aumentaria em breve as tarifas de gás, luz e transportes.
Outra conseqüência da crise seriam futuras mudanças no gabinete. O mais ameaçado seria o chefe-de-gabinete, Alberto Fernández, que fracassou nas negociações com os líderes ruralistas.

Renúncias
Na última sexta-feira, um dia após o não do vice-presidente que derrotou o governo, dois funcionários ligados a Cobos renunciaram a seus cargos no ministério do Planejamento.
Os dois haviam sido indicados por Cobos e, segundo o jornal "Clarín", a renúncia teria sido pedida pelo ministro do Planejamento, Julio De Vido, homem de confiança do ex-presidente Néstor Kirchner.
Considerado um traidor pela cúpula kirchnerista, Cobos afirma que não irá renunciar. Terceiro na linha de sucessão do governo, o senador governista José Pampuro, afirmou que o governo não busca a saída de Cobos.
"Seria gerar uma crise ainda maior. O que aconteceu foi que o vice optou por uma atitude pessoal em vez da institucional", disse Pampuro.
Outra voz moderada próxima aos Kirchner, o governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, afirmou que o governo precisa fazer uma autocrítica. "É preciso revisar o conflito, os desencontros e fazer a autocrítica necessária", afirmou Scioli.
Cristina Kirchner não parece tão disposta a tomar essa atitude. Em reunião com parlamentares da base governista, na última sexta-feira, não assumiu o não do Senado como derrota, mas culpou o vice. "O problema foi meu companheiro de fórmula, que votou contra mim", disse.


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