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Após derrota, Cristina tenta se "relançar"
Governo argentino prepara um pacote para resgatar apoio popular, além de uma reforma de gabinete, diz o jornal "La Nación"
Entre as ações estariam o aumento do salário mínimo; no entanto, fim de imposto também deve provocar medidas impopulares
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Para aplacar os efeitos da crise com o campo e da derrota no
Senado do projeto de lei que
aumentava os impostos sobre
as exportações de grãos, o governo argentino está preparando um plano para buscar o
apoio popular, com o aumento
do salário mínimo, de aposentadorias e de programas de
transferência de renda.
As medidas, segundo o jornal
"La Nación", seriam uma forma
de relançar o governo e tentar
recuperar a popularidade da
presidente Cristina Kirchner,
obrigada a anular a resolução
que determinava o aumento de
impostos após o veto do Senado, com o voto de Minerva de
seu vice-presidente, Julio Cobos, na quinta-feira.
O anúncio dos chamados impostos móveis gerou quatro locautes ruralistas, bloqueios de
estradas, desabastecimento e
aumento da inflação.
Mas a derrota do governo
também deve gerar medidas
impopulares. Para compensar
a arrecadação que teria com o
aumento de impostos, de cerca
de US$ 1,3 bilhão, o governo aumentaria em breve as tarifas de
gás, luz e transportes.
Outra conseqüência da crise
seriam futuras mudanças no
gabinete. O mais ameaçado seria o chefe-de-gabinete, Alberto Fernández, que fracassou
nas negociações com os líderes
ruralistas.
Renúncias
Na última sexta-feira, um dia
após o não do vice-presidente
que derrotou o governo, dois
funcionários ligados a Cobos
renunciaram a seus cargos no
ministério do Planejamento.
Os dois haviam sido indicados por Cobos e, segundo o jornal "Clarín", a renúncia teria sido pedida pelo ministro do Planejamento, Julio De Vido, homem de confiança do ex-presidente Néstor Kirchner.
Considerado um traidor pela
cúpula kirchnerista, Cobos
afirma que não irá renunciar.
Terceiro na linha de sucessão
do governo, o senador governista José Pampuro, afirmou
que o governo não busca a saída
de Cobos.
"Seria gerar uma crise ainda
maior. O que aconteceu foi que
o vice optou por uma atitude
pessoal em vez da institucional", disse Pampuro.
Outra voz moderada próxima aos Kirchner, o governador
de Buenos Aires, Daniel Scioli,
afirmou que o governo precisa
fazer uma autocrítica. "É preciso revisar o conflito, os desencontros e fazer a autocrítica necessária", afirmou Scioli.
Cristina Kirchner não parece
tão disposta a tomar essa atitude. Em reunião com parlamentares da base governista, na última sexta-feira, não assumiu o
não do Senado como derrota,
mas culpou o vice. "O problema
foi meu companheiro de fórmula, que votou contra mim",
disse.
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