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Sérvia prende "Carniceiro de Belgrado"
Foragido há 12 anos, Radovan Karadzic é acusado de ter comandado o extermínio de milhares durante Guerra da Bósnia
Ex-presidente sérvio da Bósnia era procurado pelo Tribunal da ONU para a ex-Iugoslávia; dois principais assessores estão foragidos
DA REDAÇÃO
Autoridades de Belgrado
anunciaram ontem a prisão do
o ex-presidente sérvio da Bósnia Radovan Karadzic (1992-1996), conhecido como o "Carniceiro de Belgrado", um dos homens mais procurados do
mundo e tido como responsável pelo massacre de milhares
de civis na mais sangrenta das
guerras dos Bálcãs nos anos 90.
Foragido há 12 anos, Karadzic, 63, foi preso num subúrbio
de Belgrado, depois ser monitorado durante várias semanas
pelos serviços secretos. Parentes acreditam que o ex-líder só
foi localizado pela polícia depois de ter sido "traído" por algum assessor.
Karadzic já está sob custódia
de um juiz do Tribunal de
Guerra da capital sérvia, que
deve extraditá-lo rapidamente
para o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, em
Haia, Holanda.
"A captura de Radovan Karadzic demonstra que ninguém
está fora do alcance da lei e que,
cedo ou tarde, todos os fugitivos acabam levados à Justiça",
disse Serge Brammertz, procurador-chefe da corte especializada de Haia, que não quis revelar a data da extradição do
prisioneiro.
O Tribunal já indiciou 19 pessoas por massacres cometidos
durante a Guerra da Bósnia
(1992-1995), incluindo Karadzic, seu comandante militar,
Ratko Mladic, e o ex-líder guerrilheiro sérvio-croata Goran
Hadiz -ambos estão foragidos.
União Européia
A captura e entrega dos três à
Justiça internacional é a principal condição imposta pela
União Européia (UE) para dar
seqüência ao processo de adesão da Sérvia ao bloco. A prisão
de Karadzic ocorre duas semanas depois que o governo pró-UE, encabeçado pelo premiê
Mirko Cvetkovic, assumiu as
rédeas do país.
A Comissão Européia elogiou o "compromisso do novo
governo da Sérvia na busca pela
paz e estabilidade dos Bálcãs".
Há suspeitas de que o governo
de Belgrado anterior acobertasse os ex-líderes foragidos.
Os EUA também comemoraram a captura. "Não há melhor
maneira de homenagear as vítimas das atrocidades da guerra
do que levando os perpetradores à Justiça", disse um porta-voz do governo americano.
Karadzic foi indiciado duas
vezes pelo tribunal de Haia para a ex-Iugoslávia. A primeira,
em julho de 1995, pelo cerco de
três anos à capital bósnia, Sarajevo, que deixou 12 mil mortos.
Quatro meses depois, o ex-presidente foi formalmente
acusado pelo massacre de
8.000 muçulmanos -a maioria, jovens- em Srebrenica, na
pior atrocidade registrada na
Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
No total, 15 acusações pesam
contra Karadzic, entre elas as
de genocídio, crimes contra a
humanidade, seqüestro, deportação e atos desumanos.
Festa e repúdio
O anúncio da prisão, feito na
TV durante a madrugada, levou
milhares de bósnios a festejarem nas ruas de Sarajevo. Mas
em Belgrado houve manifestações de repúdio à captura
-muitos sérvios vêem o ultranacionalista como herói.
Instaurado em 1993, o Tribunal de Haia para a ex-Iugoslávia
indiciou ao menos 160 pessoas,
56 das quais foram declaradas
culpadas. Mas aquele que é tido
como o mentor das atrocidades
cometidas na Guerra da Bósnia, Slobodan Milosevic, ex-presidente sérvio, morreu em
sua cela há dois anos, antes do
fim do julgamento.
O conflito na Bósnia foi deflagrado pelos nacionalistas
bósnios de etnia sérvia, que
tentaram em vão evitar que a
Bósnia-Herzegovina se separasse do que restava da antiga
Iugoslávia, já sem a Croácia.
Com agências internacionais
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