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Bento 16 recebe elogios por fala sobre uso de camisinha
Em livro, papa afirma que prática pode ser justificada em "alguns casos"
Parte dos ativistas, no entanto, fez ressalvas ao otimismo, pois falaé obscura; Vaticano diz que não existe reforma
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Católicos liberais, ativistas
e profissionais de saúde ao
redor do mundo receberam
com satisfação a declaração
de Bento 16 sobre considerar
o uso da camisinha justificado em "alguns casos".
O papa falou ao jornalista
alemão Peter Seewald numa
série de entrevistas que compõem um livro inédito. Trechos da publicação, a ser lançada amanhã, foram divulgados pelo Vaticano sábado.
"Pode haver casos individuais justificados, quando,
por exemplo, uma prostituta
utiliza um preservativo. Pode
ser esse o primeiro passo em
direção a uma moralização.
[...] Mas este não é o modo
verdadeiro e próprio para
vencer a epidemia do HIV",
afirmou o pontífice.
Embora líderes católicos já
tivessem falado sobre flexibilizar o veto à camisinha, foi a
primeira vez que o papa o fez.
"É um avanço significativo
por parte do Vaticano", avaliou o diretor-executivo da
Unaids (agência da ONU para o combate à Aids), Michel
Sidibe. "Esse movimento reconhece que um comportamento sexual responsável e o
uso da camisinha desempenham um papel importante
na prevenção do HIV."
"É uma vitória para a razão
e para o bom senso, um degrau importante no reconhecimento do papel da camisinha para redução do impacto
do HIV", disse Jon O'Brien, líder do grupo americano Católicos por Escolha.
VATICANO
"Nunca ouvimos isso tão
claramente", afirmou o porta-voz do Vaticano Federico
Lombardi, lembrando que a
atitude "nem reforma nem
muda" os ensinamentos da
igreja, que proíbe o uso de
métodos anticoncepcionais.
"O papa não está reformando os ensinamentos da
igreja, mas colocando-os no
contexto", ponderou.
Na África do Sul, onde estima-se que existam 5,7 milhões de pessoas com HIV,
ativistas saudaram o papa.
Para Caroline Nenguke,
que trabalha no combate à
Aids na Cidade do Cabo, porém, a mensagem pode ser
mal interpretada. "Ele diz
que apenas prostitutos deveriam usar camisinha, deixando a entender que, em relações heterossexuais, o uso
não está autorizado."
Até ontem, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil) ainda não havia se
manifestado sobre o assunto.
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