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IRAQUE NA MIRA
Destruição de mísseis pedida por chefe de inspetores é vista como teste para Bagdá e pode fortalecer posição dos EUA
Bush cobra rapidez e "relevância" da ONU
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, disse ontem que a ONU
tem uma "última chance de provar sua relevância" se aprovar rapidamente uma nova resolução
contra o Iraque que deve ser apresentada nos próximos dias para
"estabelecer em termos claros e
simples que [o ditador] Saddam
Hussein não está cumprindo as
demandas de desarmamento".
Em declarações após um encontro com o premiê espanhol, José
María Aznar, em seu rancho em
Crawford, no Texas, Bush disse
não estar disposto a "esperar dois
meses" para que o CS (Conselho
de Segurança) da ONU aprove a
resolução. Esse foi o tempo que levou para o CS aprovar, em novembro, a resolução 1441, que
ameaça o Iraque com "sérias consequências" se não se desarmar.
"O tempo é curto e esta é a última chance para o CS mostrar sua
relevância, porque Saddam não se
desarmou", disse Bush.
Segundo Bush, os EUA e seus
aliados apresentarão nesta semana uma nova resolução para condenar o Iraque por não ter cumprido com a resolução anterior.
Aznar disse que a Espanha
apóia a resolução. Eles disseram
que ligariam em seguida ao premiês britânico, Tony Blair, e da
Itália, Silvio Berlusconi, para discutir a estratégia sobre o Iraque.
O apoio a Bush vem trazendo
problemas internos a Aznar. Segundo pesquisa publicada ontem
no jornal "El Mundo", 84% dos
espanhóis são contra uma guerra
no Iraque -eram 74% há três semanas. Mesmo entre os simpatizantes do Partido Popular, de Aznar, a oposição à guerra é de 72%.
Destruição de mísseis
A ordem do chefe de inspetores
da ONU, o sueco Hans Blix, para
que Bagdá destrua, a partir de 1º
de março, todos os mísseis que ultrapassam limite imposto pela organização está sendo vista como
um teste fundamental para a
anunciada disposição iraquiana
de se desarmar. A ordem de Blix é
um duro golpe na defesa iraquiana, que já posicionou os mísseis
para tentar conter uma possível
invasão liderada pelos EUA.
Os inspetores dizem que os mísseis Al Samoud 2 têm um alcance
de ao menos 180 km, enquanto
resolução CS de 1991 limita a 150
km o alcance de mísseis do país.
Segundo a inteligência dos
EUA, os mísseis podem carregar
armas químicas ou biológicas. Se
o país não destruir os mísseis,
EUA e Reino Unido dirão que o
fato prova a falta de cooperação.
O chanceler iraquiano, Naji Sabri, evitou dar uma resposta direta à ordem de Blix, mas disse que
"todos os assuntos pendentes podem ser resolvidos entre as duas
partes sem nenhuma pressão
exercida por certas forças".
A questão dos mísseis pode facilitar o trabalho dos EUA de convencer outros países no CS a
apoiarem a nova resolução.
Em carta enviada ao governo
iraquiano, Blix disse que o país
deve destruir não apenas os mísseis, mas seus motores, sistemas
de controle e outros equipamentos, bem como material de pesquisa e produção do armamento,
todos importados, contrariando
determinações da ONU.
Segundo o Iraque, o alcance dos
mísseis não excede o limite da
ONU. Mas os inspetores afirmam
que modificações no míssil permitem que ele tenha alcance
maior que o determinado.
Para Bush, a destruição dos
mísseis proibidos não é suficiente
para o desarmamento do Iraque.
Já o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, o
egípcio Mohamed El Baradei, disse que o Iraque ainda não está
cooperando totalmente, mas afirmou que uma guerra é evitável.
"Não estamos tendo uma cooperação total e abrangente do Iraque, mas esperamos obtê-la nas
próximas semanas", disse.
Com agências internacionais
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