|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Iraque acusa Annan e apela à ONU
DA REDAÇÃO
Após criticar o secretário-geral
Kofi Annan, o Iraque pediu ontem à ONU que aja "incondicionalmente" para acabar com os
ataques anglo-americanos ao
país, os quais o ministro das Relações Exteriores Naji Sabri chamou de "ameaça à paz" para "impor a hegemonia dos EUA".
Mais cedo, o embaixador iraquiano na ONU, Mohammed al
Douri, havia acusado Annan de
"ajudar o ataque" ao retirar seus
inspetores de armas e observadores do país e não se pronunciar
oficialmente contra guerra.
Após o ultimato dado na semana passada pelo presidente norte-americano, George W. Bush, para
que Saddam Hussein deixasse o
Iraque caso quisesse evitar a guerra, a ONU ordenou que seus funcionários deixassem o país por
motivo de segurança, mesmo
considerando as inspeções de armas não concluídas.
O vice-presidente Taha Yassin
Ramadan afirmou que a atitude
era uma "violação das responsabilidades da ONU sem justificativa moral ou legal", e que Annan
fizera o papel de "colonialista" ante o povo iraquiano.
As declarações do secretário-geral, até agora, têm se concentrado
no pedido de ajuda humanitária
para o país, mas nada se falou sobre o início da ação militar em si.
Annan também não havia respondido, até a noite de ontem, às
acusações feitas pelas autoridades
iraquianas.
Vista grossa
Além da falta de reação da
ONU, o início dos bombardeios,
na última quinta-feira, encontrou
pouco eco oficial entre os governos, apesar da intensificação dos
protestos populares em diversos
pontos do mundo.
Mesmo a França, a Alemanha e
a Rússia, que ajudaram a impedir
a aprovação da resolução que daria a anuência da ONU ao ataque
e que ainda se opõem à ação militar contra o Iraque, evitaram
mencionar o início dos bombardeios. No caso da Rússia, o país se
declarou contra o projeto de transição para o Iraque pós-Saddam
defendido pelos EUA e prometeu
tentar bloqueá-lo na ONU.
As reações mais fortes vieram
do países árabes, como era esperado. O secretário-geral da Liga
Árabe, Amr Moussa, disse que
"nenhum árabe com um mínimo
de consciência pode tolerar" o
bombardeio de Bagdá, que, no
passado, foi a capital do mundo
islâmico.
"O bombardeio e a violência
que temos visto na TV, via satélite, deveriam provocar a ira de todos os árabes", declarou Moussa,
que, ademais, alertou para o perigo de a guerra contra o Iraque
"abrir as portas do inferno" no
Oriente Médio.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Apoio a Blair aumenta após início da ação Próximo Texto: Guerra ameaça a humanidade, diz João Paulo 2º Índice
|