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SUCESSÃO NOS EUA / CHAPA COMPLETA
Obama escolhe vice branco e experiente como seu contrapeso
Senador Joe Biden, 65, é ainda especialista em política externa e tem penetração na classe operária, setores onde Obama vai mal
Escolhido, no entanto, é conhecido como "máquina de gafes" e já fez críticas à inexperiência do candidato para comandar Casa Branca
John Gress/Reuters
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Barack Obama cumprimenta Joe Biden no primeiro ato após sua confirmação como vice na chapa |
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Depois de dois meses de suspense e em meio à crise por que
passa sua campanha, o democrata Barack Obama anunciou
ontem seu companheiro de
chapa na corrida pela sucessão
presidencial norte-americana.
Será o senador Joseph Biden,
do Estado de Delaware, que
ajuda o candidato do partido da
oposição em quase todos os
pontos em que é vulnerável.
Aos 65 anos e em Washington desde 1972, tem mais experiência em política externa, é
quase duas décadas mais velho
que o companheiro de 47 anos,
conhece mais as entranhas da
capital do país, tem credenciais
patriotas, é católico e é branco.
A ausência dessas características em Obama tem sido apontada como ponto fraco nas pesquisas de intenção de voto.
Membro do importante Comitê de Relações Exteriores do
Senado desde 1975 e seu atual
presidente, Biden viajou à
Geórgia nos últimos dias, a pedido do presidente Mikhail
Saakashvili, no auge da crise
com a Rússia. Apesar de ter votado a favor da invasão do Iraque, que visitou diversas vezes,
o político virou um dos principais críticos de George W. Bush
na condução da guerra. Seu filho, capitão Beau Biden, da
Guarda Nacional, deve ser enviado àquele front em outubro.
Por fim, pesaram na escolha
as origens do político, nascido
na Pensilvânia -um dos Estados sem favorito definido destas eleições e onde Obama saiu-se mal nas primárias- e criado
em família de trabalhadores de
baixa renda, outra fatia do eleitorado em que Obama patina.
A decisão chega nas vésperas
do início da Convenção Democrata, amanhã, e num momento em que a campanha do democrata reavalia suas táticas,
depois de ver o republicano
John McCain encostar e, segundo alguns levantamentos
recentes, ultrapassar Obama
em pesquisas nacionais.
"Joe Biden traz uma extensa
experiência em política externa", diz comunicado no site oficial do democrata, que elogia
ainda seu trabalho bipartidário
e sua capacidade de resolver
problemas. O nome foi primeiro noticiado pela CNN, à 0h52
local (1h52 de Brasília), e confirmado em e-mail enviado pela campanha às 5h23 de ontem.
Obama havia prometido
anunciar a escolha primeiro
para os que apoiavam sua candidatura por mensagem de texto via celular, mas até às 13h de
ontem nem todos os 2 milhões
de cadastrados haviam recebido o aviso. Com a decisão, findam as especulações sobre a
chamada "chapa dos sonhos",
que levaria a ex-primeira-dama
Hillary Clinton ao cargo.
Apesar da grande expectativa
pelo anúncio, o candidato a vice
não é garantia de vitória ou derrota. Em 2000, Joe Lieberman
atrapalhou o democrata Al Gore ao ser tíbio em relação à batalha judicial pelos votos da
Flórida contra George Bush;
em 2004, no final da corrida,
John Edwards se desentendeu
com John Kerry. As duas chapas perderam as eleições.
Ainda assim, na era Bush, o
cargo ganhou importância,
muito por conta de seu atual titular, o falcão Dick Cheney, um
dos artífices da Guerra do Iraque e, mais amplamente, da polêmica estratégia da Casa Branca na "guerra ao terror".
"Articulado e limpo"
A escolha de Biden (pronuncia-se Báiden) não chega sem
polêmica. Definido por mais de
um articulista político como
"máquina de gafes", o senador
foi acusado de plágio em sua
primeira tentativa de ser indicado a candidato democrata à
presidência, em 1987, e causou
constrangimento em 2007 ao
dizer que Obama era o "primeiro afro-americano" que "é articulado, brilhante, limpo e bem-apessoado".
Depois, ligaria ao agora colega de chapa para se desculpar,
dizendo que se referia ao fato
de Obama ser o primeiro candidato negro com chances reais
de chegar à Casa Branca. Obama respondeu que não era preciso pedir desculpas.
Já na manhã de ontem, a
campanha de John McCain colocou no ar anúncio em que Biden critica o agora companheiro de chapa em 2007, quando
ambos disputavam a vaga democrata, ao dizer que a Casa
Branca não era lugar para pessoas inexperientes.
Três senadores republicanos,
porém, vieram a público elogiar
a escolha do companheiro de
Casa. "Ele é o parceiro certo para Obama, e sua escolha é uma
boa notícia para os EUA", disse
Chuck Hagel, ecoado por Richard Lugar e Arlen Specter.
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