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O IMPÉRIO VOTA - RETA FINAL
Juntas eleitorais apontam falhas e irregularidades na organização do pleito, incluindo locais onde a disputa presidencial está parelha
Votação já é questionada em 9 Estados
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
A dez dias da eleição presidencial nos EUA e ante a crescente
preocupação com a probidade do
processo, surgem relatórios oficiais questionando a votação em
nove Estados americanos.
Quatro deles -Flórida, Michigan, Pensilvânia e Ohio- são
considerados decisivos para o resultado do pleito deste ano. As
juntas eleitorais locais também
apontam problemas no Colorado, na Geórgia, nas Carolinas do
Norte e do Sul e em Nevada.
Em 2000, a eleição na Flórida foi
decidida na Justiça, após duas recontagens de votos, e acabou determinando a vitória de George
W. Bush no colégio eleitoral. Até
hoje, o fantasma da legitimidade
do pleito paira no ar. Sob o temor
de que isso se repita na disputa
entre Bush e John Kerry, os partidos estão fazendo suas próprias
investigações.
Na quinta-feira, a junta eleitoral
da Flórida ordenou um amplo inquérito sobre registros eleitorais
duplos -dezenas de milhares de
eleitores estão registrados em
mais de um Estado, e, segundo o
jornal "Orlando Sentinel", ao menos 1.600 deles votaram duas vezes nas últimas eleições.
Há dúvidas até sobre o comportamento dos oficiais eleitorais do
Estado. Segundo o Departamento
de Polícia, nas últimas semanas
surgiram relatos em seis condados de eleitores que alegam ter sido mudados de seção eleitoral
contra a vontade e sem aviso.
Nos demais Estados, as principais dúvidas recaem sobre duas
questões: a falta de treinamento
dos responsáveis pelos registros
eleitorais e os chamados "votos
provisórios", depositados por
eleitores registrados cujos nomes
não estão listados no local de votação onde eles se apresentam.
A lei federal determina que esses votos só sejam apurados
quando for provado que o eleitor
realmente era registrado. Mas alguns Estados decisivos, como Michigan, determinam também o
descarte de votos depositados na
seção eleitoral errada.
Os democratas contestam a decisão, com base no fato de uma
parte considerável do eleitorado
errar o local de votação. Em Ohio,
outro Estado decisivo, a confusão
foi alimentada por uma série de
disputas jurídicas que criou dúvidas até entre mesários.
Relatórios das juntas eleitorais
citados ontem pela Fox News
também deu conta de outros problemas. Na Pensilvânia, outro Estado decisivo, funcionários encarregados dos registros eleitorais
dentro de uma iniciativa custeada
pelo Partido Republicano dizem
ter recebido ordens para não registrar eleitores democratas. Os
republicanos negaram.
Também há dúvida sobre o processo na Geórgia (onde as urnas
eletrônicas não imprimem cópias
do voto e dificultam a recontagem), na Carolina do Norte (onde
milhares de soldados servindo no
Iraque não receberam cédulas
eleitorais a tempo) e no Colorado
(onde 13 mil cédulas estão faltando). Em Nevada, grupos de pesquisa e mídia contestam a decisão
da Justiça de mantê-los longe dos
locais de votação.
A lista de suspeitas inclui até
compra de votos: na Carolina do
Sul, uma organização de saúde
prometeu distribuir vacinas de
gripe -em falta nos EUA- no
dia da eleição em seis condados
pobres do Estado. O Partido Republicano diz que a iniciativa é
"politicamente motivada".
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