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Chávez tira do ar emissora de TV a cabo oposicionista
Presidente justifica medida alegando que RCTV descumpriu nova regulação do setor
Rede já havia sido alvo de ataque do governo em 2007; caso acirra tensão na Venezuela, que sofre crise energética e econômica
DA REDAÇÃO
Atendendo a uma ordem do
presidente Hugo Chávez, a autoridade venezuelana de regulação de TVs a cabo e por satélite suspendeu ontem a transmissão da emissora RCTV,
abertamente antigoverno.
A decisão, condenada pelos
EUA e pela oposição, soma-se a
uma longa lista de ataques à imprensa por parte de Chávez e
acirra tensões políticas no país,
que está envolto numa crise
energética e econômica.
A Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela
(Conatel) cortou à meia-noite
de ontem o sinal da RCTV (Radio Caracas Televisión Internacional), alvo principal de
uma medida que atingiu outras
cinco emissoras privadas.
O governo alega que a RCTV
descumpriu a nova legislação
do setor que entrou em vigor na
semana passada, obrigando todos os canais com ao menos
70% do conteúdo produzido na
Venezuela a transmitirem programas oficiais sempre que as
autoridades pedirem.
No sábado, a emissora oposicionista se recusou a transmitir
um discurso dirigido por Chávez a simpatizantes.
"Se os canais não respeitarem a lei, não poderão retomar
suas transmissões. A decisão é
deles, não nossa", disse Chávez
ontem em seu pronunciamento semanal de rádio e TV.
Um advogado da RCTV entrou com pedido na Suprema
Corte para suspender a aplicação da nova regulação no setor.
Um dos canais mais populares na Venezuela, a RCTV havia
migrado para a TV a cabo em
2007, quando o governo decidiu não renovar a licença do canal para transmitir na TV aberta. A razão alegada por Chávez
foi o suposto apoio da RCTV ao
golpe de Estado que tentou, em
vão, derrubá-lo em 2002.
Desde que saiu da programação aberta, a emissora perdeu
audiência, mas se manteve popular. A RCTV afirma que sua
programação é acompanhada
regularmente por ao menos
90% dos assinantes de TV a cabo -presente em ao menos um
terço dos lares do país.
Dezenas de veículos, entre os
quais 34 emissoras de rádio e
duas emissoras TV, já foram alvo de sanções do governo venezuelano nos últimos anos.
Analistas afirmam que a nova ofensiva contra veículos de
comunicação mostra que Chávez está acuado e tenso, oito
meses antes das eleições legislativas nas quais ele pode perder o controle do Parlamento.
Apoio na berlinda
Embora ainda seja de longe o
político mais popular do país,
Chávez enfrenta crescentes dificuldades internas que ameaçam minar a base de seu apoio.
A Venezuela registrou em
2009 uma queda de 2,9% do
PIB, na primeira recessão em
cinco anos. O país sofre também com um racionamento de
energia, que obrigou o governo
a reduzir o horário das repartições públicas e do funcionamento de shopping centers.
A crise energética causa apagões e racionamento de energia, o que tem levado manifestantes às ruas para reclamar.
Chávez pediu que os venezuelanos tomassem banho de
três minutos e usassem lanternas para ir ao banho à noite como formas de diminuir o consumo. Para os críticos, a culpa é
dos atrasos nos investimentos.
Há duas semanas, Chávez
anunciou a maior desvalorização da moeda nacional, o bolívar, desde que implantou o
controle de câmbio, em 2003.
Autoridades admitem que a
medida aumentará a inflação,
uma das maiores na região.
Com agências internacionais
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