|
Texto Anterior | Índice
Muçulmanos se decepcionam com frieza de Obama
Inicialmente empolgados com candidatura do senador democrata, islâmicos dos EUA hoje lamentam ser mantidos à distância
ANDREA ELLIOTT
DO "NEW YORK TIMES"
Quando o senador democrata Barack Obama estava tentando conquistar os eleitores
de Iowa, em dezembro, o deputado Keith Ellison, primeiro legislador muçulmano na história dos EUA, estava ansioso por
ajudar. Ele acreditava que a
mensagem de unidade defendida por Obama fosse ecoar de
maneira profunda entre os muçulmanos do país.
Ofereceu-se para discursar
em defesa de Obama em uma
mesquita em Cedar Rapids,
uma das mais antigas áreas em
que uma presença muçulmana
se estabeleceu no país. Mas antes que o discurso pudesse
ocorrer, assessores de Obama
pediram que Ellison cancelasse
a visita, porque temiam que pudesse causar controvérsia.
Quando Obama iniciou sua
campanha, os muçulmanos dos
EUA responderam com entusiasmo, vendo-o como um defensor há muito aguardado da
tolerância religiosa. Mas passado mais de um ano, dizem que o
apreço não foi retribuído.
O senador visitou igrejas e sinagogas, mas não foi a nenhuma mesquita. Convites de organizações muçulmanas e árabes
americanas foram todos ignorados. Na semana passada,
duas mulheres muçulmanas
que usavam véus nos cabelos
foram impedidas por assessores de aparecer ao lado de Obama em um comício em Detroit.
Líderes políticos e civis islâmicos dizem compreender que
seu apoio a Obama poderia representar problema para ele
em uma época em que muitos
americanos abrigam profunda
desconfiança quanto aos muçulmanos. Mas esses líderes
ainda assim expressam decepção e até raiva por Obama ter
decidido mantê-los à distância.
Assessores de Obama negam
que ele tenha mantido seus
partidários muçulmanos afastados. Apontam declarações
nas quais ele mencionou positivamente o islã nos EUA e um
comercial de rádio que ele gravou recentemente em apoio à
campanha do deputado Andre
Carson, democrata de Indiana
que recentemente se tornou o
segundo muçulmano eleito para o Congresso americano.
Depois do episódio em Detroit, na semana passada, Obama telefonou para as duas muçulmanas para se desculpar.
Mas o gesto foi insuficiente aos
olhos de líderes muçulmanos
que dizem que o incidente em
Detroit ilustra um descompasso entre a mensagem de unidade de Obama e sua estratégia de
campanha.
A despeito das complicações
envolvidas na luta pelo voto dos
muçulmanos, Obama e seu rival republicano, o senador
John McCain, podem vir a decidir que ignorar esse eleitorado talvez represente um risco,
já que existem consideráveis
concentrações de muçulmanos
em Estados muito disputados
como a Flórida, Michigan, Ohio
e Virgínia, que podem decidir a
eleição em novembro.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Texto Anterior: Americanas Índice
|