|
Próximo Texto | Índice
Líder uribista é preso por elo paramilitar na Colômbia
Senador à frente da campanha por 3º mandato nega ter vínculos com milícias
Escândalo da parapolítica chega à cúpula do principal partido governista; suposta ligação com "paras" já levou à cadeia 11% do Congresso
Andre Moreno/El Tiempo
|
|
Carlos Garcia, detido ontem
DA REDAÇÃO
O senador colombiano Carlos García, líder do principal
partido de sustentação do presidente Álvaro Uribe, foi preso
ontem acusado de envolvimento com paramilitares. Com a
prisão de García, chegam a 31
os políticos detidos no cargo
sob o escândalo da parapolítica,
que há um ano e meio investiga
os vínculos entre o poder colombiano e milícias de direita e
já envolveu mais de 60 congressistas da base do governo.
García foi preso na manhã de
ontem na cidade caribenha de
Santa María, próxima a Bogotá,
por ordem da Suprema Corte.
Segundo a Promotoria, paramilitares ajudaram o senador a
vencer eleições e a consolidar o
poder na Província de Tuma
(sudoeste). "Paras" desmobilizados afirmam que García
mantinha contato constante
com as Autodefesas Unidas da
Colômbia (AUC) -maior milícia de direita colombiana até
sua dissolução, em 2006.
Presidente do Partido da
Unidade Social Nacional, ou
Partido de la U, criado para
promover a reeleição de Uribe
e apoiá-lo no combate às guerrilhas de esquerda, García nega
relação com as AUC. "Se a Corte tem dúvidas, eu as explicarei", afirmou o senador, horas
depois da prisão.
Mais de 10% dos 268 membros do Congresso colombiano
foram presos e outros 10% estão implicados no escândalo
desde o início das investigações
sobre o apoio ao financiamento
de campanhas e coerção de
eleitores pelas AUC. O grupo,
fundado para combater os
guerrilheiros marxistas, é responsável por milhares de assassinatos e controlava o narcotráfico em partes do país.
O mais recente relatório da
missão da OEA (Organização
dos Estados Americanos) que
monitora a desmobilização
conclui que as AUC mataram
os mais de 500 reféns que diziam ter sob seu poder. A missão alerta para o envolvimento
de desmobilizados com o tráfico e para os assassinatos de
seus ex-integrantes. Por acerto
de contas ou por não atender às
pressões de grupos criminosos,
819 ex-"paras" foram mortos
após deixarem as armas.
Os homens do presidente
A prisão ameaça a frágil reaproximação entre o Executivo
e o Judiciário, abaladas pelos
processos da parapolítica e pelos questionamento da Suprema Corte à emenda de reeleição. A crise foi contornada neste mês, quando o presidente da
Suprema Corte, Francisco Ricaurte, afirmou que não se
questiona a legitimidade do
presidente, mas apenas o modo
como a reeleição foi aprovada
-a deputada Yidis Medina foi
condenada por vender o voto.
Entre os detidos da parapolítica estão alguns dos maiores
aliados do presidente, como
seu primo e colaborador Mário
Uribe, acusado de fazer acordos
ilegais com paramilitares. García é o articulador da campanha
para que o Uribe possa concorrer a um terceiro mandato.
"É bom que a Suprema Corte,
apesar da enorme popularidade do presidente Uribe [acima
de 80%], tenha tido coragem de
continuar a fazer valer o Estado
de Direito", afirmou José Miguel Vivanco, diretor da Human Rights Watch nas Américas. "Se políticos tão próximos
ao presidente forem condenados, a questão será saber se eles
podem ter se envolvido com os
paramilitares sem o conhecimento ou aprovação de Uribe."
Com agências internacionais
Próximo Texto: Bogotá ordena recaptura de Granda, das Farc Índice
|