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SUCESSÃO NOS EUA / BRIGA PELOS HOLOFOTES
McCain quer usar anúncio de vice para roubar atenção
Governadores Crist e Pawlenty e ex-pré-candidato Romney encabeçam a lista
Credenciais econômicas, idade e Estados-pêndulo são alvos cobiçados; campanha planeja divulgar nome entre volta de Obama e Olimpíada
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Ganhou força nas últimas
horas o rumor de que o candidato republicano à sucessão do
presidente George W. Bush poderá anunciar já no início da semana que vem o nome do vice
em sua chapa. John McCain
"está apto a comunicar a decisão em curto prazo, se quiser",
disse seu principal assessor,
Charles Black Jr..
Segundo pessoas ligadas à
campanha, o senador gostaria
de aproveitar a ressaca da volta
de Barack Obama do exterior
para trazer os holofotes para si,
e escolher seu vice seria uma
ótima maneira. Além disso, o
político acredita que deva fazer
o anúncio antes do início da
Olimpíada de Pequim, em 8 de
agosto, quando a atenção à corrida presidencial deve cair.
A lista de futuros "vice-presidenciáveis" chega a uma dezena, mas nas últimas semanas
afunilou para três nomes, sem
hierarquia: os atuais governadores da Flórida, Charlie Crist,
52, e de Minnesota, Tim Pawlenty, 47, e Mitt Romney, 61,
ex-governador de Massachusetts e rival de McCain nas primárias partidárias.
A lista, agora tríplice, sofreu
uma aparente defecção nas últimas horas, após duas entrevistas seguidas e recentes em
que o jovem governador da
Louisiana, Bobby Jindal, 37, repetiu que não quer ser candidato a vice e que está feliz com seu
cargo atual. Ele era levado em
conta como um dos favoritos.
Com índices recordes de popularidade em seu Estado, Jindal tem dois atributos que interessam muito à equipe de
McCain para contrabalancear o
chamado "Fator Obama": tem
quase metade da idade do senador republicano de 71 anos,
sendo ainda mais jovem que o
oponente democrata, de 46
anos; filho de indianos, preenche ainda o quesito "étnico".
Latinos, dinheiro e votos
Mas o trio restante tem atrativos próprios. A seu favor,
Crist lidera um dos Estados-chave das eleições, onde também conta com índices recordes de popularidade, comprovados ao conseguir "entregar" a
McCain a vitória das prévias republicanas locais de janeiro.
Contra ele, rumores sobre sua
orientação sexual, o que pode
causar ruído na base conservadora cobiçada pelo candidato.
Já Mitt Romney traria sua
experiência econômica -milionário, empresário bem-sucedido, é elogiado nesse aspecto por sua gestão em Massachusetts- a uma campanha
que anda à deriva nesse setor.
Por outro lado, traria também o
peso de ser mórmon, uma religião que pode causar estranheza no eleitor americano médio.
Por fim, Pawlenty comanda
um dos Estados que os republicanos gostariam de transformar em "pêndulo" em novembro -ou seja, que a população
local voltasse a votar em sua
maioria num candidato republicano, diferentemente do que
fez em 2004. De acordo com
pesquisa publicada nessa semana no "Wall Street Journal",
McCain saiu ali de uma lanterna de sete pontos para o atual
empate técnico.
O resto da lista é formado por
nomes como o de Lindsey Graham, senador pela Carolina do
Sul e melhor amigo de McCain,
Carly Fiorina, ex-CEO da HP,
que ajudaria a atrair eleitoras
descontentes com a saída de
Hillary Clinton da corrida; e
Rob Portman, ex-diretor de Orçamento da Casa Branca, com
boas credenciais econômicas.
Há ainda John Thune, senador por Dakota do Sul, um jovem conservador que fecharia
o vácuo de McCain nesse eleitorado, e Tom Ridge, ex-secretário da Segurança Interna e
ex-governador da Pensilvânia,
outro "Estado-pêndulo". Os
azarões são Mike Huckabee,
ex-pré-candidato a presidente
e ex-governador do Arkansas,
com penetração na direita
evangélica, e Joe Lieberman,
senador democrata independente que que atrairia o centro.
É tradição, poucas vezes desrespeitada, que os candidatos
anunciem seus vices antes das
convenções dos partidos. A democrata acontece na última semana de agosto; a republicana,
na semana seguinte. É pouco
provável que Obama nomeie
seu companheiro -ou companheira-de chapa antes disso.
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