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Delegados têm treino para atrair minorias
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DENVER
Programada para debater as
necessidades das minorias,
uma série de eventos do Partido Democrata paralelos à convenção é dedicada, na prática, a
treinar os delegados do partido
para a catequização dos eleitores em seus Estados.
Reunidos pela manhã em
"caucuses" (assembléias) com
divisões de segmentos do eleitorado como "sêniores", "negros" ou "primeiros americanos" (índios), os militantes discutem planos para mobilizar as
respectivas comunidades a
irem votar na eleição de 4 de
novembro -nos EUA, o voto é
facultativo.
"Vocês precisam ter uma estratégia de campo para atrair os
americanos nativos", dizia ao
microfone O.J. Semans, militante indígena da reserva Rosebud Lakota, na Dakota do Sul.
"No meu Estado, temos uma
planilha no Excel com quantos
americanos nativos votam em
cada seção. Enviamos voluntários para a casa de todos eles, de
porta em porta, e vamos somando na planilha o número
de pessoas que atingimos. Os
nativos são menos de 1% da população americana e, mesmo
assim, conseguimos eleger deputados. Temos que explicar a
eles que, unidos, também podemos eleger presidentes."
Na sala ao lado, representantes do eleitorado latino faziam
encontro semelhante. "Precisamos buscar sintonia na estratégia. Cada delegado sairá daqui e voltará a seu Estado com
mais informações sobre como
envolver sua comunidade", disse a professora Hilda Ramos,
49, do interior de Nova York.
Ramos diz que foi escolhida
como delegada por ser "do movimento da educação pública",
mas não apenas por isso. "O
partido precisava de alguém
com o perfil "latina lésbica", e
me chamou. Assim posso atuar
entre as outras latinas lésbicas
e mostrar que elas estão representadas na convenção."
No palco, o senador Robert
Menendez (Nova Jersey)
exemplificava a mensagem que
deve ser passada aos latinos:
"[Vocês devem lembrar que]
hoje não há um bom time de
beisebol sem um latino jogando
e que nos EUA se comem tortilhas e se dança salsa em todos
os lugares", dizia.
A delegada Elizabeth Lopez,
de Oregon, também tem sua
cartilha estratégica. "Mesmo os
latinos que vivem legalmente
aqui se sentem intimidados pelo protesto de republicanos antiimigração que ficam rondando locais de votação. Temos de
ir 40 vezes às portas dos eleitores e prepará-los para isso, dizer que eles têm de sair para votar para que o país mude", diz.
"Brasileiro? Ah, OK"
As assembléias paralelas
também ajudam democratas
que não foram escalados para
falar na convenção a terem visibilidade entre os membros do
partido. Menendez aproveitava
ontem sua chance e dava mais
atenção a quem tem conexões
com Nova Jersey.
De saída do "caucus", ele deu
de ombros para a imprensa de
Denver, mas parou para falar
com a Folha. "Tenho muitos
eleitores em Newark", justificou, sobre a cidade com uma
das maiores comunidades brasileiras do país. "Os brasileiros,
como os outros latinos na
América, são pessoas muito
trabalhadoras, que precisam de
um país onde possam prosperar com menos dificuldades."
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