São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Delegados têm treino para atrair minorias

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DENVER

Programada para debater as necessidades das minorias, uma série de eventos do Partido Democrata paralelos à convenção é dedicada, na prática, a treinar os delegados do partido para a catequização dos eleitores em seus Estados.
Reunidos pela manhã em "caucuses" (assembléias) com divisões de segmentos do eleitorado como "sêniores", "negros" ou "primeiros americanos" (índios), os militantes discutem planos para mobilizar as respectivas comunidades a irem votar na eleição de 4 de novembro -nos EUA, o voto é facultativo.
"Vocês precisam ter uma estratégia de campo para atrair os americanos nativos", dizia ao microfone O.J. Semans, militante indígena da reserva Rosebud Lakota, na Dakota do Sul.
"No meu Estado, temos uma planilha no Excel com quantos americanos nativos votam em cada seção. Enviamos voluntários para a casa de todos eles, de porta em porta, e vamos somando na planilha o número de pessoas que atingimos. Os nativos são menos de 1% da população americana e, mesmo assim, conseguimos eleger deputados. Temos que explicar a eles que, unidos, também podemos eleger presidentes."
Na sala ao lado, representantes do eleitorado latino faziam encontro semelhante. "Precisamos buscar sintonia na estratégia. Cada delegado sairá daqui e voltará a seu Estado com mais informações sobre como envolver sua comunidade", disse a professora Hilda Ramos, 49, do interior de Nova York.
Ramos diz que foi escolhida como delegada por ser "do movimento da educação pública", mas não apenas por isso. "O partido precisava de alguém com o perfil "latina lésbica", e me chamou. Assim posso atuar entre as outras latinas lésbicas e mostrar que elas estão representadas na convenção."
No palco, o senador Robert Menendez (Nova Jersey) exemplificava a mensagem que deve ser passada aos latinos: "[Vocês devem lembrar que] hoje não há um bom time de beisebol sem um latino jogando e que nos EUA se comem tortilhas e se dança salsa em todos os lugares", dizia.
A delegada Elizabeth Lopez, de Oregon, também tem sua cartilha estratégica. "Mesmo os latinos que vivem legalmente aqui se sentem intimidados pelo protesto de republicanos antiimigração que ficam rondando locais de votação. Temos de ir 40 vezes às portas dos eleitores e prepará-los para isso, dizer que eles têm de sair para votar para que o país mude", diz.

"Brasileiro? Ah, OK"
As assembléias paralelas também ajudam democratas que não foram escalados para falar na convenção a terem visibilidade entre os membros do partido. Menendez aproveitava ontem sua chance e dava mais atenção a quem tem conexões com Nova Jersey.
De saída do "caucus", ele deu de ombros para a imprensa de Denver, mas parou para falar com a Folha. "Tenho muitos eleitores em Newark", justificou, sobre a cidade com uma das maiores comunidades brasileiras do país. "Os brasileiros, como os outros latinos na América, são pessoas muito trabalhadoras, que precisam de um país onde possam prosperar com menos dificuldades."


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