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IRAQUE OCUPADO
Depósito de munição controlado pelos americanos explode e mata pelo menos seis; EUA dizem que foi ataque
Explosão em Bagdá mata civis e causa furor
DA REDAÇÃO
Diversos civis iraquianos morreram na manhã de ontem na explosão de um depósito de armas
controlado pela forças americanas no bairro residencial periférico de Zaafaraniya, em Bagdá.
As explosões -que puderam
ser ouvidas até no centro da capital- atingiram casas próximas. O
depósito continha milhares de balas, morteiros e granadas, além de
mísseis, apreendidos pelos EUA
nas últimas semanas durante a invasão do país.
Os moradores imediatamente
apontaram as tropas americanas
como culpadas pela tragédia. Mas
oficiais dos EUA afirmaram que
"forças hostis" não-identificadas
lançaram um objeto em chamas
contra o armazém de munições.
O número de mortos e de feridos era incerto até o fechamento
desta edição. Segundo médicos,
moradores e correspondentes de
agências internacionais, poderia
variar de 6 a 40. Uma declaração
do comando central dos EUA no
Qatar apontou para pelo menos
seis mortos e quatro feridos. Moradores falavam em 14 mortos e
pelo menos 30 feridos.
Tamir Kalaal, morador do bairro atingido, afirmou à Reuters ter
perdido a esposa, o pai, um irmão
e outros 11 parentes quando uma
"chuva de foguetes" destruiu sua
casa. Ele estava fora de casa na hora da explosão. Outra moradora,
Hasna Aboud, declarou à agência
de notícias que sua filha e oito de
seus netos haviam morrido.
"Bush e Saddam são criminosos",
disse ela. "Primeiro tínhamos
Saddam e agora, Bush. O que fizemos para merecer isso?".
Reação
Os iraquianos, no entanto, descontaram sua indignação nos
americanos, lançando pedras
contra soldados que se aproximavam para ajudar no resgate das vítimas. Segundo os iraquianos, as
forças dos EUA jamais deveriam
ter estocados armas e munições
confiscadas durante a guerra em
uma área residencial. De acordo
com um sargento das tropas americanas, alguns soldados ficaram
feridos com as reações dos civis.
Poucas horas depois das explosões, que ocorreram às 8h (1h de
Brasília), vários protestos anti-EUA estouraram na capital do
Iraque. Ao redor do depósito, iraquianos apontaram os punhos
para as tropas americanas que
deixavam o local aos gritos de "A
América não é melhor do que
Saddam".
Em frente ao Hotel Palestine,
onde costumam ocorrer protestos do Iraque pós-invasão, uma
grande multidão segurava cartazes com frases como "Forças
americanas matam inocentes" e
"Nada de bombas entre casas".
Um clérico islâmico liderou o
grupo gritando em um megafone
as palavras de ordem "Sim ao islã,
sim ao Iraque. Não a Israel, não
aos EUA".
Cerca de 500 homens, entoando
slogans anti-americanos e pró-islâmicos, deixaram a vizinhança
de Zaafaraniya em um comboio
de carros, ônibus e caminhões
-um dos quais levava seis caixões. Nas laterais dos veículos haviam faixas com os dizeres "O terror depois da guerra" e "Pare com
as explosões próximas a civis".
O incidente demonstra claramente o quão conturbada está
Bagdá 17 dias depois da tomada
da cidade por parte das tropas
norte-americanas.
Com agências internacionais.
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