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IRAQUE OCUPADO
Atentado mata ao menos 15; após cúpula com UE na Irlanda, Bush dá como encerrada desavença com europeus
Terror ameaça decapitar 3 reféns turcos
DA REDAÇÃO
Terroristas iraquianos supostamente ligados a Abu Musab al
Zarqawi, que tem vínculos com a
Al Qaeda, seqüestraram três trabalhadores turcos no Iraque e
ameaçam decapitá-los em 72 horas, a menos que a Turquia retire
todos os homens e empresas que
mantêm no país árabe.
A informação foi dada pela rede
de TV Al Jazira, que recebeu um
comunicado e um vídeo que teriam sido enviados pelos grupos
Jamaat al Tawhid e Jihad, ligados
a Zarqawi. O vídeo traz imagens
de três homens segurando o que
parecem ser passaportes, sob o
poder de mascarados armados.
Segundo a Al Jazira, na gravação os reféns dizem os seus nomes. O comunicado conclama os
turcos a se manifestarem contra a
visita do presidente dos EUA,
George W. Bush, à Turquia, onde
chegou ontem e participará uma
reunião de cúpula da Otan, a
aliança militar ocidental. O prazo
para a decapitação dos reféns
ocorrerá antes do fim da cúpula,
que acontecerá amanhã e terça.
A Turquia não faz parte da força
multinacional de ocupação do
Iraque, mas muitos turcos prestam serviços para as forças norte-americanas. De acordo com a Al
Jazira, o comunicado exige que as
"forças turcas e companhias que
apóiam as forças de ocupação no
Iraque saiam em três dias ou os
trabalhadores serão mortos".
Na semana passada, o mesmo
grupo assumiu a responsabilidade pela decapitação de um refém
sul-coreano depois que Seul rejeitou a exigência de retirar seus soldados. Em maio, o grupo de Zarqawi assumiu a responsabilidade
pela decapitação do executivo
norte-americano Nicholas Berg.
A explosão de um carro-bomba
na cidade de maioria xiita de Hil-
la, 100 km ao sul de Bagdá, matou
pelo menos 17 pessoas e feriu 40.
Em outros episódios de violência no Iraque ontem, ao menos
nove pessoas morreram, seis delas insurgentes, em confrontos e
ataques no centro e no norte do
país. O recrudescimento da violência ocorre às vésperas da transferência da soberania para o governo provisório, no dia 30.
Cúpula EUA-UE
Na Irlanda, o presidente Bush,
declarou ontem o fim das desavenças com a União Européia por
causa da Guerra do Iraque, mas
obteve pouco apoio ao seu apelo
por ajuda militar contra a insurgência no país árabe.
"As amargas diferenças quanto
à guerra acabaram", disse o presidente após encontro de cúpula
EUA-União Européia, em entrevista coletiva que teve de ser adiada por causa de protestos anti-Bush. Cerca de 6.000 homens
-um terço das forças de segurança irlandesas- isolaram o encontro realizado no castelo de
Dromoland dos manifestantes.
Os EUA estão considerando o
compromisso da UE e da Otan de
treinar as tropas do governo interino iraquiano como prova de
que as desavenças surgidas com a
guerra acabaram. Segundo alguns
diplomatas, porém, ele é apenas o
mínimo denominador comum
para os dois lados.
"A Otan tem a capacidade e,
creio eu, a responsabilidade de
ajudar o povo iraquiano a derrotar a ameaça terrorista que paira
sobre o país", disse Bush.
O premiê irlandês, Bertie
Ahern, cujo país ocupa atualmente a presidência rotativa da UE,
enfatizou a importância da cooperação transatlântica a poucos
dias da posse de um novo governo interino em Bagdá: "É vital que
caminhemos juntos nos próximos dias com a aproximação da
transferência da soberania".
É a segunda viagem de Bush à
Europa neste mês. O presidente,
que decidiu ir à guerra no ano
passado mesmo sem o aval da
ONU e de aliados tradicionais, vê
o apoio ao conflito despencar entre os americanos e agora se esforça para dividir o fardo da administração do caótico e violento
Iraque com a UE e outros aliados
como o Japão e a Coréia do Sul.
Questionado sobre pesquisas de
opinião mostrando sua grande
impopularidade na Europa, Bush
disse que estava mais preocupado
com a imagem de seu país do que
com a dele e que as pesquisas que
o interessavam mais eram as sobre as eleições presidenciais americanas em novembro.
Otan
A Otan chegou a um acordo sobre o treinamento das forças de
segurança iraquianas após pedido
urgente do premiê do Iraque, disseram diplomatas ontem.
O acordo deve ser assinado durante o encontro de cúpula da
aliança em Istambul, que adotou
um esquema de segurança sem
precedentes após explosões na semana passada que mataram ao
menos quatro pessoas.
A oposição liderada por França
e Alemanha à guerra impediu um
comprometimento maior da
Otan com o país, apesar do pedido do premiê Iyad Allawi. Berlim
disse ainda que não enviará instrutores militares ao Iraque, mas
que pode treinar iraquianos em
outros lugares.
Com agências internacionais
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