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COMPORTAMENTO
Anúncio que usa crianças é acusado de encorajar a pedofilia
Suécia debate orientação gay precoce
STEPHEN BROWN
DA REUTERS, EM ESTOCOLMO
"Birgitta, seis anos, lésbica",
afirma o anúncio com uma fotografia de uma menininha de maiô
e usando bóias de borracha nos
braços, acompanhada de alguns
desenhos infantis. "Nem todas as
princesas escolhem um príncipe",
diz o texto.
Uma campanha de um grupo
gay sueco para promover a conscientização quanto à possibilidade de que uma orientação não heterossexual comece cedo causou
uma reação desfavorável na última quarta-feira, quando um grupo de proteção à infância declarou que retratar crianças de uma
maneira sexual poderia encorajar
a pedofilia.
O Stockholm Pride, um grupo
voluntário que organiza um festival gay, lésbico e transexual anual,
lançou a campanha em sua página na internet e planeja publicar
os anúncios na mídia convencional e em veículos orientados ao
público gay.
Anders Selin, presidente do
Stockholm Pride, enfatizou que
todas as crianças retratadas pela
campanha são agora gays, lésbicas e transexuais adultos com entre 24 e 40 anos.
"Não estamos dizendo às pessoas que todas as crianças são homossexuais, mas sim que isso deveria ser tão respeitável quanto
uma opção heterossexual", disse
ele à agência de notícias Reuters.
Segundo ele, a campanha pretende provocar debate sobre como a orientação sexual dos adultos é influenciada, na infância,
"pela maneira com que nossos
pais nos criam, e pela forma com
que as lojas de brinquedos nos influenciam etc."
Objeção
Mas Rosita Runegrund, parlamentar conservadora sueca e voluntária da Ecpat, uma rede internacional de organizações que
combatem a exploração sexual de
crianças, se opôs ao fato de que a
campanha dê a crianças jovens
uma identidade sexual.
"Os pedófilos empregam o argumento de que as crianças têm
identidade sexual. Para mim, foi
chocante ver as fotos do site, porque a Stockholm Pride é uma organização respeitável", disse ela.
"Há uma forte reação do público que não compreende essas fotos. Não é uma campanha necessária. As crianças devem ter suas
próprias experiências, e demora
para que encontrem sua identidade sexual", afirmou Runegrund à
Reuters.
Selin, 36, assistente social especializado em jovens cuja foto está
em um dos anúncios sob o título
"Anders, 7, gay", disse que "tão
logo se fala em homossexualidade
e crianças, todo mundo começa a
gritar sobre a pedofilia".
Atitude tolerante
A Suécia adota uma atitude tolerante quanto aos gays e lésbicas,
que podem formar parcerias legais mas não podem realizar casamentos homossexuais.
O país apresenta baixa incidência de crimes contra as crianças.
Tradução Paulo Migliacci
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