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SUCESSÃO NOS EUA / EM TERRENO INIMIGO
McCain monta sua "sala de guerra" ao lado da convenção
Republicanos têm QG anti-Obama em Denver para tentar roubar atenção da mídia
Possível vice na chapa da situação, Romney visitou local para falar de pouca experiência do democrata, mote da contracampanha
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DENVER
A cerca de 1.600 metros do
Pepsi Center, sede da reluzente
Convenção Democrata, o Partido Republicano armou em
Denver um escritório dedicado
a tentar roubar um pouco da
atenção da concorrência. Tem
conseguido.
A casa de tijolos à vista -planejada como um quartel anti-Barack Obama, não como um
comitê de John McCain- foi
batizado oficialmente de "Não
preparado 2008", frase que é
acompanhada da imagem do
democrata sorrindo, nos cartazes grudados nas paredes internas e externas. O local ficou
mais conhecido na cidade pelo
apelido de "sala de guerra".
"Estamos aproveitando toda
essa mídia em Denver para oferecer uma programação aos repórteres, para mostrar que
Obama não está preparado para governar. A cada dia, mais
gente nos procura", explicou à
Folha o secretário de imprensa
Bill Riggs.
Ontem, o cardápio de atrações incluiu conferência do ex-governador de Massachusetts
Mitt Romney, líder nas apostas
para vice na chapa presidencial
republicana. Ao lado de legisladores do partido, Romney praticamente só falou de um assunto: a inexperiência do democrata.
"Ele é uma pessoa boa e charmosa, tem uma família amável,
mas não está pronto para se
tornar presidente dos Estados
Unidos. As políticas de Barack
Obama enfraqueceriam a América", declarou Romney, que
durante as prévias republicanas protagonizou com McCain
uma troca de acusações em
anúncios de TV.
"Eu não concordo com
McCain em todas as questões, é
claro, mas o apóio porque concordo em muitas delas", defendeu-se ele, que disse não saber
nada sobre a escolha do vice de
McCain. "Nós só falamos de
propostas, não sobre a chapa."
Flashes
A entrevista de Romney
atraiu cerca de 50 jornalistas,
de veículos como a rede de TV
CNN, o jornal "The New York
Times" e a revista "Time", que
eram depois convidados a fazer
um tour pelo local.
"Aqui fica nossa sala de estratégia. Temos internet sem fio,
quatro TVs em canais diversos,
monitoramos tudo o que acontece", explicava Riggs, diante da
saleta envidraçada onde funcionários da campanha se serviam de sanduíches de frango e
refrigerantes em garrafas de
um litro.
O staff local, diz Riggs, inclui
"duas dúzias" de profissionais
contratados pelo partido. Parte
dessa equipe veio da Virgínia,
onde fica o escritório central da
campanha de McCain. "Mas a
organização é nossa, não dele. É
claro que trabalhamos estreitamente com sua campanha, mas
ele não é responsável por nossa
programação."
Há outra sala dedicada a
transmissões em vídeo para internet e TV. Um caminhão-link
possibilita videoconferências
com republicanos em outros
Estados. Os convidados também são recebidos ali.
Bibelôs
Há também cerca de 50 voluntários que espalham panfletos anti-Obama pela cidade. Alguns deles saem às ruas fantasiados, para chamar mais atenção. "Esta é a arara de fantasias
que recebemos e achamos um
pouco além da conta, ou que
ninguém quis usar", diz Riggs,
diante de peças de roupa
country e com estampa que
imita pele de onça.
O circuito percorrido por esses militantes está planejado
no "mapa estratégico" estendido sobre uma mesa do primeiro
andar da "sala de guerra". Miniaturas de soldados, tanques
(e até de galinha e de robô) demarcam as ruas a visitar.
Riggs maneja os bibelôs com
um taco de golfe e convida os
jornalistas presentes a fotografar. Em seguida, entrega-lhes
um pôster no qual se lê "Barack
Obama, não-preparado, 2008.
A uma milha daqui, uma polegada de profundidade."
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