São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / EM TERRENO INIMIGO

McCain monta sua "sala de guerra" ao lado da convenção

Republicanos têm QG anti-Obama em Denver para tentar roubar atenção da mídia

Possível vice na chapa da situação, Romney visitou local para falar de pouca experiência do democrata, mote da contracampanha

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DENVER

A cerca de 1.600 metros do Pepsi Center, sede da reluzente Convenção Democrata, o Partido Republicano armou em Denver um escritório dedicado a tentar roubar um pouco da atenção da concorrência. Tem conseguido.
A casa de tijolos à vista -planejada como um quartel anti-Barack Obama, não como um comitê de John McCain- foi batizado oficialmente de "Não preparado 2008", frase que é acompanhada da imagem do democrata sorrindo, nos cartazes grudados nas paredes internas e externas. O local ficou mais conhecido na cidade pelo apelido de "sala de guerra".
"Estamos aproveitando toda essa mídia em Denver para oferecer uma programação aos repórteres, para mostrar que Obama não está preparado para governar. A cada dia, mais gente nos procura", explicou à Folha o secretário de imprensa Bill Riggs.
Ontem, o cardápio de atrações incluiu conferência do ex-governador de Massachusetts Mitt Romney, líder nas apostas para vice na chapa presidencial republicana. Ao lado de legisladores do partido, Romney praticamente só falou de um assunto: a inexperiência do democrata.
"Ele é uma pessoa boa e charmosa, tem uma família amável, mas não está pronto para se tornar presidente dos Estados Unidos. As políticas de Barack Obama enfraqueceriam a América", declarou Romney, que durante as prévias republicanas protagonizou com McCain uma troca de acusações em anúncios de TV.
"Eu não concordo com McCain em todas as questões, é claro, mas o apóio porque concordo em muitas delas", defendeu-se ele, que disse não saber nada sobre a escolha do vice de McCain. "Nós só falamos de propostas, não sobre a chapa."

Flashes
A entrevista de Romney atraiu cerca de 50 jornalistas, de veículos como a rede de TV CNN, o jornal "The New York Times" e a revista "Time", que eram depois convidados a fazer um tour pelo local.
"Aqui fica nossa sala de estratégia. Temos internet sem fio, quatro TVs em canais diversos, monitoramos tudo o que acontece", explicava Riggs, diante da saleta envidraçada onde funcionários da campanha se serviam de sanduíches de frango e refrigerantes em garrafas de um litro.
O staff local, diz Riggs, inclui "duas dúzias" de profissionais contratados pelo partido. Parte dessa equipe veio da Virgínia, onde fica o escritório central da campanha de McCain. "Mas a organização é nossa, não dele. É claro que trabalhamos estreitamente com sua campanha, mas ele não é responsável por nossa programação."
Há outra sala dedicada a transmissões em vídeo para internet e TV. Um caminhão-link possibilita videoconferências com republicanos em outros Estados. Os convidados também são recebidos ali.

Bibelôs
Há também cerca de 50 voluntários que espalham panfletos anti-Obama pela cidade. Alguns deles saem às ruas fantasiados, para chamar mais atenção. "Esta é a arara de fantasias que recebemos e achamos um pouco além da conta, ou que ninguém quis usar", diz Riggs, diante de peças de roupa country e com estampa que imita pele de onça.
O circuito percorrido por esses militantes está planejado no "mapa estratégico" estendido sobre uma mesa do primeiro andar da "sala de guerra". Miniaturas de soldados, tanques (e até de galinha e de robô) demarcam as ruas a visitar.
Riggs maneja os bibelôs com um taco de golfe e convida os jornalistas presentes a fotografar. Em seguida, entrega-lhes um pôster no qual se lê "Barack Obama, não-preparado, 2008. A uma milha daqui, uma polegada de profundidade."


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