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"Nossa família finalmente terá paz"
Para María Fernanda Perdomo, local da libertação da mãe "não importa"; "vamos aonde quer que seja"
Ex-congressista Consuelo González deverá conhecer sua neta e receber presentes de Natal e de aniversário acumulados em seis anos
RICARDO WESTIN
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
María Fernanda Perdomo, filha da ex-deputada colombiana
seqüestrada Consuelo González de Perdomo, atendeu ao telefonema com a voz firme, de
sua casa, em Bogotá. Esperava-se que sua mãe fosse posta em
liberdade em horas. "É uma
alegria, uma bênção muito
grande. Com a libertação de
minha mãe, nossa família finalmente terá paz", disse.
Ela falou à Folha logo após
assistir à entrevista coletiva em
que o presidente venezuelano,
Hugo Chávez, detalhou a operação de soltura dos três reféns
das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
que a guerrilha anunciou, no
último dia 18, que soltaria em
consideração a ele. Um deles é
González, 57, seqüestrada em
dezembro de 2001.
María Fernanda, 33, e sua irmã, Patricia, 37, que têm se dividido nos últimos dias entre
os jornalistas e as notícias pela
TV sobre a libertação, dizem
que só haverá festa de Natal e
de Ano Novo quando a mãe
voltar para casa. A árvore-de-natal na casa da família está
cheia de presentes. São dezenas de pacotes acumulados ao
longo dos últimos seis anos, em
Natais e aniversários.
"Temos muitos presentinhos. São jaquetas, roupas, colares... Vamos abri-los na data
em que ela voltar, seja no dia 28
de dezembro, seja no dia 5 de
janeiro. Depois de tantos anos
separadas, vale a pena esperar
um pouquinho mais", conta.
Patricia, a filha mais velha,
teve uma menina há pouco
mais de dois anos. "O maior
presente será ela pela primeira
vez poder abraçar sua neta María Juliana", afirmou Patricia a
um canal colombiano de TV.
Apreensiva, a família da ex-congressista assistiu junta à
entrevista coletiva de Chávez.
Elogiou os planos do presidente para a recepção dos três reféns. "Podemos ver que tudo
está avançando", disse Patricia.
"Chávez mostrou que tudo está
sendo muito bem planejado,
com todos os detalhes. Seria
bom se ele voltasse a ajudar a
Colômbia nas negociações,
porque ainda há muitas pessoas na selva", acrescentou
María Fernanda.
Chávez vinha participando
das conversas com as Farc, mas
foi sumariamente retirado do
processo pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe, por ter
telefonado diretamente para o
comandante do Exército colombiano -algo que Uribe diz
não ter autorizado. Como "ato
de desagravo" a Chávez, os
guerrilheiros decidiram libertar três reféns e entregá-los diretamente ao venezuelano.
Questionada sobre o que
pensava de o presidente Chávez querer levar os seqüestrados para Caracas e só depois
devolvê-los a Bogotá, María
Fernanda respondeu "que o local não é algo importante".
"Em Caracas, em Bogotá, na
floresta... Vamos para onde
quer que seja. O que importa é
a emoção de estar com ela de
novo."
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