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Eleição de hoje no Quênia acirra disputas tribais
Presidente Mwai Kibaki, da tribo kikuyu, e Raila Odinga, um luo, são favoritos
Com crescimento médio de 5% ao ano, país é principal centro econômico do leste
da África; pesquisas dão pequena margem a opositor
DA REDAÇÃO
O Quênia abre hoje as urnas
para a eleição presidencial que
promete ser a mais acirrada
desde a independência do país,
em 1963. O atual presidente,
Mwai Kibaki, 76, que tenta a
reeleição, e seu ex-aliado, o
congressista Raila Odinga, 62,
chegam à reta final da votação
com poucos pontos de diferença nas pesquisas.
O últimos levantamentos, divulgados na semana passada,
mostram Odinga à frente, com
entre 43% e 45% das intenções
de voto, contra 36,7% a 43% de
Kibaki. Apenas o instituto Gallup indicou vantagem de Kibaki, com 44% -um ponto percentual à frente de Odinga.
A proximidade dos resultados elevou temores de fraudes
e intimidação, alimentadas por
acusações de Odinga contra o
candidato da situação. O governo de Kibaki, que concorre com
a coalizão Partido da Unidade
Nacional (PNU), nega as acusações, que classifica como "ridículas". Mas sua credibilidade
está à prova: apesar das promessas feitas quando ele foi
eleito pela primeira vez, em
2002, a corrupção policial e política ainda marca o país.
Rivalidade tribal
Os hoje adversários têm um
histórico de colaboração. Eles
se aliaram em 2002 para derrotar o partido Kanu, que detinha
o monopólio do poder no país
desde 1963. Kibaki conquistou
então a Presidência em eleições
consideradas justas e livres.
A união, porém, sobreviveu
apenas três anos. Odinga se irritou quando o presidente não
cumpriu a promessa de criar o
cargo de premiê para ele.
Desde então, a rivalidade
cresceu e assumiu abertamente
dimensões tribais. Em 2002,
Kibaki, da tribo kikuyu -a
maior do Quênia-, e Odinga,
da tribo luo, haviam deixado as
diferenças étnicas de lado, mas
na campanha deste ano ambos
recorreram à lealdade de suas
tribos para buscar votos.
Mais de 14 milhões de quenianos estão aptos a votar hoje,
e temores de violência ressurgiram. A ex-colônia britânica,
diferentemente da maioria de
seus vizinhos, permaneceu largamente pacífica após a independência. Mas não é incomum que disputas étnicas se
tornem violentas em época de
eleições: neste ano, já ocorreram várias mortes e embates
entre membros de tribos rivais.
Segundo analistas, se Kibaki
vencer a reeleição com uma
margem pequena -e possíveis
fraudes- o risco de violência
aumentará enormemente. "O
grupo de Raila vai se tornar totalmente agressivo, porque eles
lideraram as pesquisas", afirmou um diplomata ocidental
que preferiu não se identificar.
Para vencer a disputa, um
candidato precisa obter mais
votos do que seus concorrentes, além de um mínimo de 25%
em cinco das oito Províncias.
Propostas similares
Kibaki foi eleito legislador
em todas as eleições desde a independência. Além da lealdade
dos kikuyu, ele usa seus antecedentes na área econômica
-crescimento anual médio de
5% sob seu governo- para tentar se manter no poder. O Quênia é considerado hoje o principal centro financeiro e econômico do leste da África.
Odinga, um empresário, congressista e ex-ministro, tem o
apoio ardente dos luo, além da
preferência entre outras tribos
que criticam o que é visto como
favorecimento dos kikuyus sob
Kibaki. A força do candidato ficou evidente em 2005, quando
sua oposição a um plano de reforma constitucional que aumentaria poderes presidenciais o ajudou a derrotar o governo em referendo popular.
Filho de um político socialista, seus oponentes o acusam de
ser um radical perigoso, que estudou na então Alemanha
Oriental e chamou um filho de
Fidel Castro Odinga. Mas, em
seu site na internet, ele se diz
um social-democrata. Nos anos
80 e 90, ele ficou preso por oito
anos, acusado de tentar um golpe para derrubar o então presidente Daniel Arap Moi.
Nas propostas, as diferenças
entre o kikuyu e o luo para o
Quênia diminuem. Ambos prometem aumentar o crescimento econômico com políticas de
livre mercado e visam a extensão da educação gratuita, hoje
universal no nível primário
graças a Kibaki. "Eles prometem coisas impossíveis. Quem
quer que seja eleito, os quenianos vão receber um choque de
realidade em janeiro", afirma o
analista Robert Shaw, citado
pelo "Financial Times".
Com agências internacionais
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