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LUTA CONTRA A HIV/ AIDS
Achmat recusa-se a tomar remédio contra Aids para pressionar governo
Mandela quer salvar ativista doente
BRENDAN BOYLE
DA REUTERS
O ex-presidente da África do
Sul Nelson Mandela disse ontem que encontraria seu sucessor, o atual presidente Thabo
Mbeki, para tentar salvar a vida
de um importante defensor dos
direitos dos portadores do vírus
HIV e pacientes de Aids no país.
Zackie Achmat, líder da Campanha de Ação e Tratamento, se
recusa a tomar remédios contra
a Aids antes que hospitais públicos dêem início a um programa
de distribuição desse tipo de remédio a pessoas menos abastadas. Mandela, um duro crítico
do modo como a África do Sul
lida com o problema da Aids,
afirmou que encontraria Mbeki
para buscar uma solução para o
caso de Achmat.
"A ação de Achmat é baseada
em princípios fundamentais.
Seria fútil tentar mudar isso. Sua
posição é a de que, enquanto as
drogas não estiverem disponíveis para todos, especialmente
para os mais pobres, ele não tomará os remédios", declarou
Mandela -perto da casa de
Achmat, em Muizenberg.
Essas drogas são distribuídas
a pessoas que têm seguro, como
Achmat. Mas, nos hospitais públicos, isso não ocorre. "Entendo agora a posição de Achmat e
conheço as condições impostas
por ele para voltar a tomar os remédios", disse Mandela.
Mandela, que presidiu a África do Sul de 1994 a 1997 -após
27 anos de prisão-, apóia a
maioria das políticas aplicadas
por Mbeki, porém tem criticado
duramente a posição do atual
presidente em relação à Aids.
Achmat, que foi preso durante
o regime segregacionista por lutar contra o apartheid, não pôde
ir a uma conferência sobre a
Aids -realizada em Barcelona
recentemente- porque seu estado físico piorou consideravelmente nos últimos tempos.
Ele disse que sua saúde melhorou nos últimos dias, mas salientou que a situação continua
preocupante. "Meu sistema
imunológico foi duramente minado nos últimos 18 meses.
Meus médicos dizem que, se eu
não tomar os remédios, meu
sistema imunológico poderá ser
seriamente comprometido",
declarou Achmat.
Ele liderou uma série de ações
judiciais nos últimos 12 meses,
buscando a distribuição gratuita dos remédios contra a Aids.
Com quase 10% de sua população contaminada ou doente, a
África do Sul é o país com o
maior número de pessoas afetadas pelo problema no planeta.
Segundo estimativas, até 7 milhões dos 44 milhões de sul-africanos poderão morrer de doenças relacionadas à Aids até 2010.
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