São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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Hillary é protagonista até o penúltimo minuto

DO ENVIADO A DENVER

Às 16h47 locais (19h47 de Brasília) de ontem, Hillary Clinton acabou -oficialmente, ao menos- com o drama que se arrastava desde o final de junho, quando Barack Obama garantiu vantagem irreversível entre os delegados democratas.
Como uma das representantes da delegação de Nova York na Convenção Democrata, a senadora propôs que fosse interrompido o processo de chamada pelo qual o partido ouve os votos de seus delegados Estado a Estado e sugeriu que Obama fosse aclamado o candidato por unanimidade.
Um minuto depois, pela voz da presidente da Câmara dos Representantes (deputados), Nancy Pelosi, e em meio a aplausos e gritos de "sim, nós podemos", Obama, 47, se tornou o primeiro negro a concorrer à Presidência dos EUA por um partido majoritário. Acabava assim a catarse prometida por Hillary a seus eleitores.
O processo de purgação por que passaram os 18 milhões de eleitores que escolheram a senadora durante as prévias do partido começara na noite anterior, quando Hillary fez seu discurso de apoio ao rival.
Nele, havia afirmado inequivocamente: "Obama é meu candidato. E ele tem de ser nosso presidente". No fim da fala de 23 minutos, diria: "Esta é nossa missão, democratas, vamos eleger Obama presidente."
Nas horas seguintes, o discurso seria analisado palavra por palavra, e significados ocultos e teses as mais diversas pululariam pela internet. Uma delas foi logo abraçada pela campanha de John McCain.
Ela se referiu a si mesma mais de dez vezes e não disse nenhuma vez que Obama estava pronto para liderar, disseram os republicanos. Analistas conservadores chegaram a enxergar na fala uma plataforma para a candidatura da ex-primeira-dama em 2012.
Com sua aparição no chão da convenção ontem, no entanto, Hillary ajudou a calar a crítica. Ontem à tarde, ainda, ao pedir a unanimidade em torno de Obama, diria que os eleitores devem "ter seus olhos no futuro" e que "no espírito de união, vamos declarar juntos com uma só voz, aqui e agora, que Barack Obama é nosso candidato!".
Minutos antes, o Arkansas, berço político do casal Clinton, dera o primeiro sinal de feridas curadas no partido: seus delegados lembraram que a senadora vencera ali com mais de 70% dos votos, mas que, ouvindo seu pedido por unidade, transfeririam seus votos a Obama -até então, a praxe era dar a maioria dos votos a ele e uma fração a ela. Mais tarde, o próprio ex-presidente Bill Clinton daria mais uma mostra inequívoca de apoio a Obama (leia na página A15).
Antes da aclamação, a delegação da Califórnia, maior de todas, com 441 votos, anunciou que passaria a vez na hora de anunciar os votos de seus delegados -o que é permitido. Não causou problema nenhum. No fim, a contagem dos votos seria, de qualquer forma, substituída por braços erguidos em aprovação ao pedido de Hillary.
(SD)

NA INTERNET
www.folha.com.br/082403
Leia íntegra do discurso de Hillary na convenção



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