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Hillary é protagonista até o penúltimo minuto
DO ENVIADO A DENVER
Às 16h47 locais (19h47 de
Brasília) de ontem, Hillary
Clinton acabou -oficialmente,
ao menos- com o drama que se
arrastava desde o final de junho, quando Barack Obama garantiu vantagem irreversível
entre os delegados democratas.
Como uma das representantes da delegação de Nova York
na Convenção Democrata, a senadora propôs que fosse interrompido o processo de chamada pelo qual o partido ouve os
votos de seus delegados Estado
a Estado e sugeriu que Obama
fosse aclamado o candidato por
unanimidade.
Um minuto depois, pela voz
da presidente da Câmara dos
Representantes (deputados),
Nancy Pelosi, e em meio a
aplausos e gritos de "sim, nós
podemos", Obama, 47, se tornou o primeiro negro a concorrer à Presidência dos EUA por
um partido majoritário. Acabava assim a catarse prometida
por Hillary a seus eleitores.
O processo de purgação por
que passaram os 18 milhões de
eleitores que escolheram a senadora durante as prévias do
partido começara na noite anterior, quando Hillary fez seu
discurso de apoio ao rival.
Nele, havia afirmado inequivocamente: "Obama é meu
candidato. E ele tem de ser nosso presidente". No fim da fala
de 23 minutos, diria: "Esta é
nossa missão, democratas, vamos eleger Obama presidente."
Nas horas seguintes, o discurso seria analisado palavra
por palavra, e significados ocultos e teses as mais diversas pululariam pela internet. Uma delas foi logo abraçada pela campanha de John McCain.
Ela se referiu a si mesma
mais de dez vezes e não disse
nenhuma vez que Obama estava pronto para liderar, disseram os republicanos. Analistas
conservadores chegaram a enxergar na fala uma plataforma
para a candidatura da ex-primeira-dama em 2012.
Com sua aparição no chão da
convenção ontem, no entanto,
Hillary ajudou a calar a crítica.
Ontem à tarde, ainda, ao pedir a
unanimidade em torno de Obama, diria que os eleitores devem "ter seus olhos no futuro"
e que "no espírito de união, vamos declarar juntos com uma
só voz, aqui e agora, que Barack
Obama é nosso candidato!".
Minutos antes, o Arkansas,
berço político do casal Clinton,
dera o primeiro sinal de feridas
curadas no partido: seus delegados lembraram que a senadora vencera ali com mais de
70% dos votos, mas que, ouvindo seu pedido por unidade,
transfeririam seus votos a Obama -até então, a praxe era dar
a maioria dos votos a ele e uma
fração a ela. Mais tarde, o próprio ex-presidente Bill Clinton
daria mais uma mostra inequívoca de apoio a Obama (leia na
página A15).
Antes da aclamação, a delegação da Califórnia, maior de
todas, com 441 votos, anunciou
que passaria a vez na hora de
anunciar os votos de seus delegados -o que é permitido. Não
causou problema nenhum. No
fim, a contagem dos votos seria,
de qualquer forma, substituída
por braços erguidos em aprovação ao pedido de Hillary.
(SD)
NA INTERNET
www.folha.com.br/082403
Leia íntegra do discurso
de Hillary na convenção
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