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SUCESSÃO NOS EUA / DISCURSO DA NOITE
Obama está pronto para ser presidente, declara Bill Clinton
Depois de rumores de que estaria ressentido com a derrota da mulher, ex-presidente oferece apoio inequívoco a candidato
Discurso, que abordou de segurança nacional até economia e erosão do poder de influência americano, foi o mais aplaudido até ontem
DO ENVIADO A DENVER
Mais generoso, melhor soldado do partido e com um entendimento mais profundo da
vida política norte-americana
do que o de sua mulher, Bill
Clinton declarou ontem em público seu apoio total e irrestrito
à candidatura de Barack Obama. O senador democrata, disse
o ex-presidente (1993-2001),
"está pronto para ser o presidente dos Estados Unidos".
A frase tem peso dobrado,
porque sai da boca de um estadista com níveis históricos de
aprovação que, até ontem, era
um crítico constante do jovem
candidato, e porque não apareceu no discurso de Hillary Clinton, na noite anterior.
A inexperiência de Obama e
sua pouca idade -47 anos completados neste mês- são duas
das principais armas de que o
republicano John McCain se
vale para atacar seu oponente.
Barack Obama "está pronto
para liderar os EUA e restaurar
a liderança norte-americana no
mundo", disse Bill Clinton, no
discurso mais aplaudido da
Convenção Nacional Democrata até agora -quatro minutos
de ovação em pé, no Pepsi Center, em Denver (Colorado). "É o
homem para esse cargo", "é a
encarnação do século 21 do sonho americano".
Mais adiante, citaria seu próprio caso como exemplo. Dezesseis anos antes, lembrou,
"os republicanos disseram que
eu era muito novo e inexperiente para ser comandante-chefe. Soa familiar?", perguntou o ex-presidente, que foi
eleito aos 46 anos.
"Não funcionou em 1992,
porque estávamos do lado certo da história. E não vai funcionar em 2008."
Bill Clinton não deixou margem às dúvidas que cercavam
seu apoio até agora e que o próprio líder democrata ajudava a
alimentar. Se vai seguir na rua o
que pregou no palco é outra
história, e as próximas semanas
vão mostrar. Mas ontem ele foi
enfático, e pareceu convencer
um público até então cindido,
pronto para duvidar.
O ex-presidente citou sua
mulher, que o aplaudia da platéia, ao lado da filha do casal,
Chelsea. Outra presença importante era da mulher de Obama, Michelle. "Essa campanha
gerou tanto calor que contribuiu para o aquecimento global", brincou. "No final, minha
candidata não venceu."
O ex-presidente deveria falar
de segurança nacional e política externa, e assim fez. Disse
que a posição do país tinha sido
enfraquecida depois de oito
anos de "unilateralismo e pouca cooperação" e a "falta do uso
coerente do poder da diplomacia, do Oriente Médio à África,
da América Latina à Europa
Central e do Leste".
Mas Bill Clinton sendo Bill
Clinton, ele encaixou os feitos
econômicos de sua gestão, como desejava desde o começo.
Terminou fazendo um trocadilho com "hope", esperança, o
lema da campanha de Obama, e
"Hope", a cidade do Arkansas
onde o ex-presidente nasceu.
"E os EUA sempre precisarão
ser um lugar chamado Hope."
(SÉRGIO DÁVILA)
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