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São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2003

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TRAGÉDIA

Equipes de resgate de 20 países começam a chegar à região de Bam, número de mortos poderá chegar a 40 mil

Irã luta para salvar soterrados por tremor

Behrouz Mehri/France Presse
Morador retira o corpo de sua mulher dos destroços de Bam


DA REDAÇÃO

Equipes internacionais de resgate chegaram ontem ao sudeste do Irã para auxiliar nas buscas por sobreviventes do tremor que na manhã de anteontem devastou a cidade de Bam e matou ao menos 20 mil de seus 180 mil habitantes.
Com milhares de vítimas ainda presas sob os destroços, especialistas suíços, com cães farejadores, foram os primeiros estrangeiros a chegar a Bam, seguidos por aviões de socorro russos, alemães e britânicos -cerca de 20 países enviaram equipes ao país.
Esperava-se que, até o final do dia de ontem, 600 técnicos em resgate e mais de cem médicos já estivessem na região de Bam, para atender os cerca de 50 mil feridos no tremor de 6,3 graus na escala de Richter. Ao lado dos estrangeiros, moradores tentavam, com as próprias mãos, cavar entre as ruínas dos prédios, desesperados com o passar do tempo.
Segundo autoridades, o número de vítimas poderá chegar a 40 mil. O Departamento de Estado dos EUA disse que um turista americano morrera no terremoto.
Exausto, coberto de pó, o morador Omid Alipour conseguiu encontrar apenas três feridos ao longo de toda a madrugada.
O Crescente Vermelho Internacional, versão islâmica da Cruz Vermelha, alertava as pessoas a usarem luvas e máscaras, temendo o surgimento de alguma epidemia. Na manhã de ontem, a cidade permanecia sem água e energia, e o aeroporto havia sido improvisado como hospital.
Testemunhas disseram à agência Reuters que os cemitérios da cidade não comportam mais o número de mortos, mesmo com os enterros em valas comuns -um cheiro forte, acre, era sentido nas ruas. A parte histórica da cidade, em argila, patrimônio da humanidade, foi devastada.

Veto a Israel
O apoio internacional foi bem recebido por Teerã, que recusou apenas apoio da "entidade sionista" (Israel). "É uma pena que o Irã prefira fazer política em vez de aceitar a proposta de entidades privadas israelenses", disse um porta-voz do governo de Israel.
Além das equipes, começaram a chegar ontem ao Irã alimentos não-perecíveis e medicamentos enviados pela comunidade internacional. Segundo Madeleine Moulin, porta-voz do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, 40 toneladas partiu da Itália para as áreas destruídas, levando também cobertores, geradores de energia e comprimidos para purificar água.
A Cruz Vermelha Internacional estimou em US$ 12,5 milhões o total necessário para atender as vítimas e iniciar a reconstrução da cidade. A União Européia, que anunciara a liberação de US$ 1 milhão, elevou o auxílio para US$ 2,8 milhões. Ontem, Japão, China e Austrália ofereceram soma que ultrapassa US$ 3 milhões.
Situado sobre falhas tectônicas, o Irã é frequentemente atingido por terremotos. O maior deles ocorreu em 1990, quando mais de 35 mil pessoas morreram.

Com agências internacionais


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