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De surpresa, Obama faz a sua 1ª visita no cargo ao Afeganistão
Após recuperar fôlego interno, presidente dos EUA aborda conflito que elegeu como prioridade de sua política externa
Em encontro em Cabul com presidente afegão, Obama discutiu os esforços contra Taleban e voltou a cobrar o combate à corrupção no país
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
Uma semana depois de conseguir a aprovação da reforma
do sistema de saúde americano,
Barack Obama fez ontem a sua
primeira visita como presidente dos EUA ao Afeganistão, divulgada, por questões de segurança, só depois que o avião em
que viajava pousou na base aérea de Bagram.
De lá, Obama foi de helicóptero a Cabul para um encontro
com o colega afegão, Hamid
Karzai, no palácio presidencial,
onde discutiu os esforços para
combater os insurgentes, cobrou mais empenho no combate à corrupção e convidou Karzai para visita a Washington.
A viagem é mais uma sinalização de que Obama, depois de
14 meses de governo e de conquistar sua maior vitoria no
âmbito doméstico, trabalhará
para afastar a imagem de paralisia que derrubou sua popularidade. A guerra no Afeganistão, iniciada em 2001 por George W. Bush, é tida como o maior
desafio da politica externa do
atual governo.
Mesmo assim, Obama vinha
adiando a viagem ao país desde
o anúncio, em dezembro, do
envio de mais 30 mil soldados
ao local. Ontem, na capital Cabul, o presidente americano
aproveitou para se encontrar
com algumas das tropas enviadas durante o seu governo e
agradecer aos militares.
"Uma das principais razões
pela qual estou aqui é para dizer obrigado pelos incríveis esforços de nossas tropas e aliados. Eles fazem sacrifícios tremendos longe de casa, e quero
ter certeza de que eles sabem
quão orgulhoso o seu comandante em chefe está", afirmou
Obama, ao lado do presidente
do Afeganistão.
O número de soldados mortos no país praticamente dobrou no primeiro trimestre
deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados dos próprios militares. Para eles, a razão do aumento está na busca mais intensa, nos principais centros
urbanos, por insurgentes do
Taleban, e a situação pode se
agravar com o planejamento de
uma operação em Candahar,
onde há grande concentração
do grupo extremista que comandava o país até 2001.
O objetivo das ofensivas é
impedir não só a volta da Al
Qaeda mas também a derrubada do governo de Hamid Karzai, reeleito no fim do ano passado em um pleito considerado
fraudulento. Sem isso,
Washington não conseguirá
cumprir o prazo estabelecido
para o início da retirada das
tropas, em julho de 2011.
Progresso civil
Ontem, durante o encontro
com Karzai, Obama afirmou
que progressos militares foram
feitos, mas que também quer
"continuar a avançar no processo civil", incluindo o combate à corrupção e ao tráfico de
drogas. Já o afegão, que deve ir
a Washington em maio, prometeu que o país iria "avançar em
direção ao futuro" para reassumir a segurança interna e agradeceu a intervenção americana, segundo relatos de agências
internacionais.
O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, James
Jones, disse a repórteres que
acompanharam a viagem a Bagram que Obama tentaria fazer
Karzai entender que, em seu
segundo mandato, "há certas
coisas às quais ele não prestou
atenção, desde o primeiro dia",
o que inclui "um sistema meritocrático para indicar oficiais
do governo e o combate à corrupção e ao narcotráfico, que
abastece economicamente os
insurgentes".
Obama, que chegou a Cabul
quando anoitecia, deveria voltar a Washington durante a
madrugada, antes mesmo de
amanhecer no Afeganistão.
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