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SUCESSÃO NOS EUA / CRISE EM FOCO
Obama consulta notáveis sobre economia
Reunião de democrata junta ex-secretários de Bush e de Clinton, além de sindicalistas, bilionário e presidente do Google
Declarações após encontro, que analisou plataforma do candidato e situação atual, são vagas; tema é a maior preocupação do eleitorado
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Barack Obama escalou uma
equipe de pesos pesados de governos passados e da nova economia para jogar os holofotes
de sua campanha à Presidência
dos EUA na crise econômica do
país, assolado por temores de
recessão, inflação, desemprego
crescente, alta dos combustíveis e, como anunciado ontem
pela Casa Branca, previsão de
déficit orçamentário recorde
para 2009, de US$ 482 bilhões.
Apesar do discurso vago -ele
disse que "algumas decisões irresponsáveis foram tomadas
em Wall Street e Washington"
e que vai responder "rapidamente e vigorosamente" aos
desafios-, o democrata conseguiu seu intento ao reunir um
time bastante heterogêneo de
conselheiros em Washington.
Participaram da discussão
nomes como o presidente do
Google, Eric Schmidt; os líderes de duas das maiores centrais sindicais do país, John
Sweeney (presidente da AFL-CIO) e Anna Burger (tesoureira
da SEIU, que concentra o setor
de serviços); e, por teleconferência, o megainvestidor e filantropo Warren Buffett, homem mais rico do mundo segundo a revista "Forbes".
Entre os conselheiros também estavam dois membros do
governo republicano de George
W. Bush -Paul O'Neill, ex-secretário do Tesouro, e William
Donaldson, ex-presidente do
SEC (Securities and Exchange
Commissioner, que fiscaliza o
mercado de capitais nos EUA,
como a CVM no Brasil) -, o que
reforçou ainda mais as críticas
de que, apesar de manter um
discurso de ruptura "com o velho jeito de Washington de lidar com a economia", Obama
se cerca de nomes que representam justamente o contrário.
Para ilustrar essa acusação
contra o democrata, opositores
e analistas evocam com ainda
mais freqüência os nomes de
Robert Rubin e Paul Volcker,
dois dos principais membros
dessa equipe de conselheiros.
Rubin foi secretário do Tesouro no governo democrata de
Bill Clinton (1993-2001). Desde o estouro da bolha imobiliária resultante da abundância de
crédito, no ano passado, ele é
lembrado por ter dado o aval
para o fim da lei antiespeculação Glass-Steagall, que restringia a atuação de investidores no
varejo bancário. Até Obama fez
menção às conseqüências do
fim da lei, ao disparar contra o
governo Clinton quando concorria com a ex-primeira-dama
Hillary nas prévias partidárias.
Já Paul Volcker ficou marcado por assumir o Fed (Federal
Reserve, o banco central dos
EUA) em 1979, diante de um
cenário de inflação alta. Em
uma política austera para conter a escalada de preços, elevou
duramente a taxa básica de juros, o que aprofundou a recessão no país. Comandou a entidade até 1987.
"Nós não podemos agüentar
mais que continuemos fazendo
as mesmas coisas que têm sido
feitas. Nós temos que mudar o
curso [da política econômica] e
temos que tomar ações imediatas", declarou o candidato.
A economia é, segundo pesquisas de intenção de voto, a
principal preocupação do eleitor americano atualmente.
John McCain, o candidato
republicano, também abordou
o tema e repetiu a promessa de
equalizar o Orçamento americano até o fim de um eventual
primeiro mandato -apesar de
também propor cortes de impostos e de defender a manutenção da Guerra do Iraque.
Para McCain, "as notícias de
hoje [a previsão de déficit recorde] tornam esse trabalho
[de equilibrar as contas] mais
difícil, mas não devem mudar a
resolução de tomar decisões
duras" para conter a crise.
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