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Cidades-símbolo estão em xeque
PAULO DANIEL FARAH
ESPECIAL PARA A FOLHA
A ameaça que a guerra representa à integridade de duas cidades-símbolo da civilização no sul
do Iraque provoca apreensão especial por causa da proeminência
arqueológica, religiosa e cultural
delas. Eventuais bombardeios a
Ur e Uruk -sobretudo ao se levar em conta a "precisão cirúrgica" dos últimos ataques- privariam a humanidade de dois patrimônios de valor inestimável.
Bem próximo à casa de Abraão,
um dos mais importantes zigurates do mundo (de 2113 a.C.) domina o horizonte de Ur. O templo foi
restaurado e conservava o esplendor de outrora antes do conflito
atual -ao menos até 2000.
Os zigurates são elementos dos
mais característicos da antiga Mesopotâmia. Em diversas cidades,
o templo do deus que defendia a
região compreendia um zigurate,
construção formada por uma série de plataformas sobrepostas,
em cima das quais havia um santuário. Por volta do quinto milênio a.C., já havia templos construídos sobre plataformas.
Torre de Babel
O zigurate mais famoso de todos, o do deus Marduk, na Babilônia, deu origem à história da Torre de Babel. Era denominado Etemenanki, que significa "o templo
da fundação do céu e da terra".
Não se conhece a natureza exata
das cerimônias que se realizavam
no alto do santuário.
A forma dos zigurates era parecida com a de algumas pirâmides
do Egito (como a de Saqqara),
mas sua função era diferente. As
pirâmides eram essencialmente
túmulos. Os zigurates são construções de tijolo coroadas por um
santuário e se parecem mais com
os templos da América Central.
O antigo povoamento de Uruk
(atual Warka) foi habitado durante ao menos 5.000 anos, até o
século 5º d.C. No quarto milênio
a.C., Uruk foi a cidade mais importante da Mesopotâmia. Possuía dois centros: Kullaba, onde se
encontra o templo de An (ou
Anu), o deus do céu, e Eanna, que
abriga o zigurate do templo dedicado à deusa Inanna (ou Ishtar,
que passou a ser cultuada por gregos e romanos sob os nomes de
Afrodite e Vênus). Construído
por volta de 2110 a.C., impressiona mais que o primeiro.
Relatos de épocas posteriores
dizem que a muralha que rodeava
a cidade fora construída por Gilgamesh, rei de Uruk e herói de um
dos primeiros épicos da história.
Segundo a Epopéia de Gilgamesh,
um terço da cidade de Uruk era
constituída de templos, e outro
terço, de jardins. As escavações
concentraram-se na região dos
templos, que ficavam no centro
da cidade. As ruínas de Uruk já
haviam sido danificadas durante
a Guerra do Golfo (1991), o que
poderá repetir-se agora.
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