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Visita ao Brasil inclui promoção
de empresas e passeio em favela
DA ENVIADA ESPECIAL A OSLO
A última vez em que o Brasil recebeu uma visita de Estado do rei
da Noruega foi em 1967, quando o
trono era ocupado pelo rei Olaf,
pai de Harald 5º, atual monarca.
Acompanhado da rainha Sonja,
o rei recebeu um grupo restrito de
jornalistas brasileiros e conversou
com a Folha em sue gabinete, no
palácio real em Oslo, sobre a
aproximação econômica entre os
dois países e suas expectativas em
relação à sua primeira visita oficial ao Brasil, marcada para o próximo dia 6 de outubro.
A agenda da viagem, que se estende por cinco dias, tem foco
predominantemente econômico,
mas inclui programas sociais e
culturais que se estendem da visita a uma favela no Rio de Janeiro
ao encontro com artistas plásticos
brasileiros -a rainha Sonja é
uma entusiasta da arte contemporânea.
Pesca e petróleo
"Originalmente, visitas de Estado tratavam apenas de questões
de Estado entre presidentes, ou
presidentes e reis. Mas hoje se tornaram algo além disso, o que explica porque seremos acompanhados por uma grande delegação de empresários. O principal
motivo dessa visita será a promoção de negócios entre os dois países", afirmou o rei Harald.
Com o rei e a rainha, viajará um
grupo de 70 empresários majoritariamente dos setores que mantêm os laços mais estreitos com o
Brasil: pesca, petróleo e suas áreas
relacionadas, como a construção
de navios.
"Será uma visita importante.
Esperamos ansiosamente para
conhecer o presidente Lula", disse
o rei.
Lua-de-mel
Mas a viagem não é a primeira
do casal ao Brasil. "Estivemos lá
já, em nossa lua-de-mel, em
1968", conta a rainha.
"Ficamos três semanas, e eu fiquei uma a mais, quando ele [o
rei] precisou ir ao México e me
largou sozinha em plena lua-de-mel", continuou Sonja, entre risos.
É dessa viagem ao Brasil, feita
antes de subir ao trono, que vêm
as maiores expectativas da rainha.
"Eu estive em Brasília quando a
cidade ainda era muito nova e parecia meio irreal, aquela arquitetura belíssima, mas sem nada em
volta... Não vejo a hora de voltar e
ver como a cidade cresceu", afirmou ela.
Como chefe de Estado de um
país reconhecido como um dos
maiores doadores de assistência
humanitária do mundo, o programa do casal real norueguês no
Brasil não poderia deixar de incluir visitas a algumas instituições
sociais.
Segundo a rainha, o palácio ainda trabalha nos detalhes de uma
visita a uma instituição para
crianças mantida pela rainha Silvia, da Suécia, no Rio de Janeiro.
"Também devemos visitar uma
instituição norueguesa ligada à
igreja que mantém um projeto de
dança com a Viva Rio", diz ela, referindo-se à ONG carioca que desenvolve campanhas nas áreas de
direitos humanos e segurança pública, desenvolvimento comunitário, educação, esportes e ambiente.
Indagado sobre o motivo da demora em visitar oficialmente um
país com quem mantêm laços tão
estreitos -a irmã do rei é casada
com um brasileiro e mora no
Rio-, o casal culpou a agenda
atribulada e o governo da Noruega.
"As visitas de Estado não são,
necessariamente, decisão minha.
É uma decisão do governo [do
primeiro-ministro Kjell Magne
Bondevik]. Mas o Brasil já está
nos nossos planos há muito tempo", disse o rei.
Assuntos políticos, aliás, não fazem parte do discurso do rei, que
evita falar da possibilidade de o
país aderir à União Européia nos
próximos anos (em 1994, os noruegueses, por meio de um referendo, se recusaram a aderir ao
bloco) e não se pronuncia sobre a
política local.
Indagado sobre o momento da
visita de Estado ao Brasil, no início do mandato de Luiz Inácio
Lula da Silva, o rei preferiu dizer
que não tem opinião formada sobre o atual presidente.
"Além disso, a visita já estava
planejada antes mesmo de sabermos qual seria o resultado das
eleições do ano passado", afirmou
o rei.
(LC)
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