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FINANÇAS
Criatividade é saída para enfrentar grandes redes
Setor de alimentação vive "duelo" de preços
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Presença maciça nos anúncios
de publicidade, lojas espalhadas
por toda parte e, agora, preços na
casa dos centavos. Não está nada
fácil para uma empresa de médio
porte competir com as grandes
redes no setor de alimentação.
Com uma política de "popularização" dos produtos, o McDonald's reduziu os valores de dois
sanduíches em certos dias da semana. O hambúrguer é vendido a
R$ 0,79 às terças-feiras, e o cheeseburger, a R$ 0,99 às quintas.
A rede de fast food árabe Habib's já abriu 180 unidades no país
apostando na economia de escala.
As esfihas, seu principal item, são
comercializadas a R$ 0,29 em alguns de seus restaurantes.
Essa estratégia pode fazer com
que caia a demanda pelos produtos das empresas concorrentes,
avalia Heron do Carmo, 52, economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Para lojas menores, fica difícil
seguir a redução de preços. "O
grande engole o pequeno. É o que
ocorre também em setores como
o de supermercados", diz Alencar
Burti, 71, presidente da Associação Comercial de São Paulo.
Tânia Kulb, 40, diretora de marketing do McDonald's, informa
que os preços populares "vieram
para ficar". Em restaurantes da
região do ABC, 16 itens têm sido
testados com valores reduzidos
em horários específicos.
Para José Augusto Penna, 53, diretor de operações do Habib's,
parte do segredo está nos números: a rede demanda 250 mil toneladas de carne e 300 mil toneladas
de farinha por mês. "O consumo
de matéria-prima nesse volume
torna os preços dos nossos "parceiros" mais acessíveis", explica.
Capricho
Como consequência, muitos
pequenos comerciantes podem
migrar para a informalidade, na
opinião de Percival Maricato, 57,
presidente do conselho da Associação de Bares e Restaurantes Diferenciados. "O ambulante leva
vantagem por não pagar tributo."
Qual é, então, a saída para sobreviver no mercado formal? Heron do Carmo, da Fipe, aponta
um caminho: a melhora do produto e a diferenciação do serviço.
"Deve haver investimento em
questões triviais, como qualidade
do atendimento, capricho no cardápio e limpeza dos banheiros."
Burti, da associação comercial,
concorda. "O dono do estabelecimento precisa ser criativo, lançar
um novo tipo de sanduíche com
um tempero diferenciado", diz.
Ele recomenda ainda a associação entre os pequenos, para obter
força de compra e de divulgação.
R$ 0,50
Mas há quem combata as grandes redes com a mesma tática, como a Big Daddy, lanchonete do
centro de São Paulo. "Vendemos
nosso hambúrguer por R$ 0,50",
conta Geovani Romano, gerente.
A rede Tio Mega, com seis lojas
na capital, aposta na conjugação
de itens variados e preços menores. "Oferecemos 50 tipos de salgado e uma boa diversidade de
doces", conta um dos donos, Diógenes Galvão, 53. Os hambúrgueres também saem por R$ 0,50.
A rede diz que compra matéria-prima nas fábricas, em grande
quantidade, e paga à vista. Reduziu a margem de lucro por unidade para ganhar no volume total.
Para neutralizar a nova política
de preços do McDonald's, uma
"operação emergencial" foi efetivada. Diógenes mandou distribuir 30 mil folhetos, que poderiam ser trocados nas suas lanchonetes por uma bola de sorvete.
"A resposta foi imediata", diz ele.
(EDSON VALENTE)
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