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AGORA É ESPERAR
Diante do cenário econômico turbulento, analistas recomendam adiamento de decisões e cautela
Incerteza pós-eleição segura empresas
RENATO ESSENFELDER
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O novo presidente está eleito,
mas as incertezas econômicas
continuam. Se antes o mercado
andava tenso por causa das eleições, agora o nervosismo é atribuído à situação do câmbio, à
crise internacional, ao aumento
da inflação e à indefinição dos
nomes da equipe econômica
de Luiz Inácio Lula da Silva.
Dentro desse cenário, a recomendação de administradores e
economistas aos pequenos e médios empresários do país é a mesma: espere o vendaval passar. A
partir do ano que vem, dizem,
quando o novo presidente for
empossado, o cenário se tornará
claro o suficiente para o planejamento adequado do seu negócio.
Em contraponto às más notícias, há pelo menos uma considerada boa: o ano está perto do fim.
Embora as previsões para o início
de 2003 sejam igualmente duras,
existem perspectivas de crescimento econômico a partir do segundo semestre do próximo ano.
Marcha lenta
A possibilidade de 2002 ter um
final feliz é remota. Segundo o diretor de economia da Associação
Comercial de São Paulo, Marcel
Solimeo, o mercado opera em
"compasso de espera", e seguir
em marcha lenta é o melhor que
se pode fazer neste momento. "É
difícil elaborar um plano de expansão agora, o cenário pode
mudar em uma semana. A situação está muito instável", diz.
Valdir Catanzaro, gerente da
área de crédito do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), concorda que investir alto agora é má
idéia. De acordo com ele, o alto índice dos juros básicos da economia (21% ao ano) diminui o consumo e obriga a ter mais cautela.
"Tarifas de energia elétrica, gás
de cozinha, água e combustíveis
podem aumentar. Esse encarecimento será repassado à produção. As empresas, por sua vez, não
podem repassar o custo ao consumidor, que ficará receoso de gastar. É uma situação complicada."
Fábio Pina, economista da
Fecomércio-SP (Federação do
Comércio do Estado de São Paulo), é mais otimista. Segundo ele,
existe boa chance de o consumo
neste final de ano não cair muito,
impulsionado justamente pela
alta do dólar e da inflação, enquanto investimentos como fundos de renda fixa perdem valor.
De acordo com Pina, essa conjuntura pode levar as pessoas a
tirar o dinheiro dos bancos -onde as aplicações não renderiam
muito- e comprar bens antes
que a inflação aumente.
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